São Paulo, Domingo, 28 de Março de 1999
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AGRICULTURA
Safras de grãos, café e laranja devem movimentar comércio na região, principal pólo de cana-de-açúcar do país
Safra injeta R$ 1,3 bi em Ribeirão Preto

da Reportagem Local

Apesar da crise que atravessa o setor sucroalcooleiro, com queda de preços internos e no mercado internacional, as safras de grãos, de café e de laranja devem movimentar o comércio na região de Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), principal pólo de cana-de-açúcar do país.
Levantamento feito pela área econômica da ACI (Associação Comercial e Industrial), de Ribeirão Preto, mostra que culturas como soja, milho, feijão, arroz, amendoim, café e laranja deverão injetar cerca de R$ 1,3 bilhão (US$ 750 milhões), nesta temporada, nos 84 municípios da região.
"A atividade econômica aqui está totalmente ligada ao campo", diz Vicente Golfeto, 56, economista da ACI. "Quando a agricultura espirra, a região pega pneumonia."
A região de Ribeirão Preto é um dos principais pólos agrícolas do país. São cerca de 3,6 milhões de ha com uma população estimada em 2,850 milhões, segundo Golfeto.
Pelo levantamento da entidade, alguns segmentos, como construção civil, autopeças e alimentos, entre outros, serão, de imediato, favorecidos pela safra.
De acordo com a associação, com a movimentação da colheita de grãos, a região se tornará responsável por 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto), a soma das riquezas, de todo o interior paulista.

Investimento
Um dos sinais de diversificação agrícola da região, que envolve cidades como Barretos, Franca, Bebedouro, São Carlos e Araraquara, é a Santal Equipamentos.
Com sede em Ribeirão Preto, a empresa é uma das maiores fabricantes de colheitadeiras de cana do país. Ainda neste semestre, entra na mecanização do amendoim.
A Santal, que faturou R$ 16 milhões no ano passado, espera crescer 15% este ano com a venda de máquinas voltadas para a cultura do amendoim.
Ela está importando tecnologia norte-americana e desenvolvendo novos produtos com tecnologia nacional. A empresa acredita que o aumento de renda agrícola deve favorecer os investimentos na modernização no campo.

Mudança estratégica
De olho no potencial da região, a Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos) está mudando de São Paulo para Ribeirão Preto em junho próximo.
Ribeirão está a cerca de 80 km de Araraquara, que é uma das principais regiões produtoras e processadoras de laranja do país.
Segundo Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus, os motivos da mudança são o caos do trânsito de São Paulo, as enchentes e os engarrafamentos intermináveis, que estavam dificultando reunir os representantes da entidade na cidade. "Há ainda a questão da qualidade de vida. Isso, então, nem se discute. A região tem tudo", diz.
Com a mudança, a entidade também pretende reduzir custos, pois estará mais próxima tanto das indústrias de suco quanto dos produtores de laranja.
O setor movimenta anualmente em todo o interior paulista US$ 5 bilhões por ano e deverá faturar com exportação nesta temporada US$ 1,5 bilhão.
A laranja é a principal atividade econômica de 330 municípios paulistas, boa parte deles na região de Ribeirão Preto.
Gera 400 mil empregos diretos e 1,6 milhão de indiretos.
Um grupo ligado a agronegócios está investindo R$ 2 milhões na construção de uma concessionária Renault, em Araraquara. A loja será inaugurada no dia 7 de abril.
Os empresários estão apostando no aumento de renda dos citricultores como um dos principais filões de vendas de carros neste ano. (ROBERTO DE OLIVEIRA)

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