São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2000


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Juros de 18% receberam voto no BC

da Sucursal de Brasília

e do FolhaNews

O Copom (Comitê de Política Monetária) discutiu em sua última reunião a possibilidade de baixar os juros de 18,5% para 18% anuais, e um dos diretores do Banco Central chegou a votar a favor dessa hipótese.
É a primeira vez em que o comitê não toma uma decisão unânime desde que Armínio Fraga assumiu a presidência do BC. O diretor dissidente, que não teve o nome revelado, perdeu por 7 votos a 1, e o Copom decidiu manter os juros em 18,5% anuais, suspendendo a tendência (viés) de baixa.
As razões que levaram o conselho a adotar essa posição conservadora já são conhecidas e foram anunciadas na semana passada, logo após a reunião: a volatilidade nas Bolsas norte-americanas, a pressão sobre o preço do petróleo e o julgamento da ação sobre a correção dos saldos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Ontem, com a divulgação da ata de sua última reunião, o Copom revelou que os diretores do BC chegaram a analisar uma visão alternativa da economia, que não é tão negra como aquela que levou à manutenção dos juros e suspensão da tendência de baixa.
Esse cenário mais otimista ressalta o fato de que nos três primeiros meses deste ano também houve choques na economia, como a pressão sobre o preço do petróleo e as tarifas públicas, mas as expectativas do mercado sobre a inflação melhoraram.
Desde a adoção do sistema de câmbio flutuante, em janeiro de 1999, o cumprimento da meta de inflação (que deve ficar entre 4% e 8% neste ano) é o principal objetivo da política de juros, pelo menos no discurso oficial do BC.
"A rápida reversão da trajetória de preços domésticos em meio a choques de oferta negativos sugere que há espaço para a redução do patamar de juros praticado no Brasil", diz a ata do Copom, referindo-se à visão otimista sobre o futuro da economia, que saiu perdedora.
Para a corrente conservadora, majoritária dentro Copom, a maior fonte de incerteza no curto prazo é a volatilidade na Bolsas dos Estados Unidos. "Essa volatilidade tende a manter-se elevada por algum tempo", afirma a ata.
Para o Copom, caso a decisão da Justiça implique ressarcimento de altas quantias aos titulares de contas do FGTS, a dívida pública poderá aumentar e os investidores vão exigir mais retorno para aplicar recursos no país.

Fraga
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse em São Paulo que o fato de o Copom ter sido excluído da definição das taxas de juros do redesconto (linha de empréstimos do BC aos bancos) foi um ajuste técnico.
Ele afirmou que o comitê vai centralizar sua discussão em pontos clássicos da política monetária.
A mudança na atribuição do Copom foi determinada anteontem, por meio de circulares divulgadas no Sisbacen (sistema eletrônico de informações do BC).
Fraga disse que recebeu estudo do Banco Mundial estimando que o Brasil poderia crescer um ponto percentual acima do atual patamar, se fosse utilizada toda a capacidade do seu mercado de capitais.
Como limitantes do mercado, Fraga citou o alto custo do dinheiro no país e das transações financeiras.
Para o presidente do BC, a briga na Justiça em relação à correção do FGTS aumentou a percepção do risco brasileiro.


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