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AQUECIMENTO
Analistas dizem que ainda é cedo para falar em forte retomada
Atividade industrial em SP
tem alta de 8,6% no 1º tri
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O INA (Indicador do Nível de
Atividade) da indústria paulista
apresentou uma alta de 8,6% no
primeiro trimestre deste ano contra o mesmo período de 2005.
Essa taxa foi calculada sem ajuste sazonal. Ou seja, sem descontar
os efeitos típicos de cada mês, segundo informações da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo) e do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo). As duas entidades divulgaram o índice ontem.
Na comparação entre o desempenho de março deste ano contra
o do mês anterior, o crescimento
foi de 1,1%. Em março, ante fevereiro, as vendas reais da indústria
paulista subiram 20,2%, sem ajuste sazonal.
Sondagens de comportamento
do ânimo dos industriais feitas
previamente já indicavam uma
expectativa de melhoria dos indicadores da indústria. Mas, tanto
para analistas quanto para representantes do setor, ainda é cedo
para afirmar que o ritmo apresentado no primeiro trimestre vai
nortear o comportamento da indústria em 2006.
Um dos motivos para essa acentuada expansão da indústria nos
primeiros três meses deste ano foi
a base de comparação fraca em
relação ao ano passado. Entre janeiro e março de 2005 contra janeiro e março de 2004, houve alta
de 4,3%. O Ciesp e a Fiesp também já atribuem ao resultado deste ano algum efeito positivo dos
cortes da taxas de juros.
Na avaliação de Paulo Francini,
do Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp, os
resultados do trimestre mostram
um "razoável ímpeto" e apontam
para um novo patamar da atividade. "Não vemos grandes riscos
[na recuperação da indústria]
neste ano, mas não sabemos ainda qual o fôlego do crescimento".
Mesmo assim, Francini se arriscou a projetar uma taxa de crescimento do INA entre 5,5% e 6%
para este ano. O otimismo é baseado na projeção de mais cortes
da Selic, na expansão do consumo
motivada pelo aumento do salário mínimo e na aceleração dos
gastos públicos neste ano.
O INA do setor de máquinas e
equipamentos cresceu 4,1% em
março ante fevereiro (com ajuste
sazonal). No entanto, o desempenho trimestral registrou queda de
4,7%. "Há subsetores de máquinas e equipamentos que têm sofrido concorrência muito forte
das importações. Isso tem acontecido bastante com o segmento de
injetores de plástico", disse Antonio Correa de Lacerda, do Departamento de Economia do Ciesp.
Nessa indústria, com o dólar barato, tem ocorrido um deslocamento da produção local em favor das importações.
Indicadores voláteis
Segundo João Sicsú, professor
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), a leitura de indicadores de curto prazo pode
criar um clima de euforia injustificado. "Precisamos de um período mais longo de análise de indústria. Temos que esperar para
ver". Para ele, com uma taxa de
juros real em torno de 10% no final do ano e câmbio valorizado,
não dá para esperar um crescimento surpreendentemente alto
da indústria.
Para Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria, há
uma "volatilidade forte" dos indicadores da indústria e do comércio quando vistos sob uma perspectiva de curto prazo. Mas o aumento da demanda doméstica
neste ano deve comandar uma alta mais sustentada da indústria.
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