São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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AQUECIMENTO

Analistas dizem que ainda é cedo para falar em forte retomada

Atividade industrial em SP tem alta de 8,6% no 1º tri

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O INA (Indicador do Nível de Atividade) da indústria paulista apresentou uma alta de 8,6% no primeiro trimestre deste ano contra o mesmo período de 2005.
Essa taxa foi calculada sem ajuste sazonal. Ou seja, sem descontar os efeitos típicos de cada mês, segundo informações da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). As duas entidades divulgaram o índice ontem.
Na comparação entre o desempenho de março deste ano contra o do mês anterior, o crescimento foi de 1,1%. Em março, ante fevereiro, as vendas reais da indústria paulista subiram 20,2%, sem ajuste sazonal.
Sondagens de comportamento do ânimo dos industriais feitas previamente já indicavam uma expectativa de melhoria dos indicadores da indústria. Mas, tanto para analistas quanto para representantes do setor, ainda é cedo para afirmar que o ritmo apresentado no primeiro trimestre vai nortear o comportamento da indústria em 2006.
Um dos motivos para essa acentuada expansão da indústria nos primeiros três meses deste ano foi a base de comparação fraca em relação ao ano passado. Entre janeiro e março de 2005 contra janeiro e março de 2004, houve alta de 4,3%. O Ciesp e a Fiesp também já atribuem ao resultado deste ano algum efeito positivo dos cortes da taxas de juros.
Na avaliação de Paulo Francini, do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, os resultados do trimestre mostram um "razoável ímpeto" e apontam para um novo patamar da atividade. "Não vemos grandes riscos [na recuperação da indústria] neste ano, mas não sabemos ainda qual o fôlego do crescimento".
Mesmo assim, Francini se arriscou a projetar uma taxa de crescimento do INA entre 5,5% e 6% para este ano. O otimismo é baseado na projeção de mais cortes da Selic, na expansão do consumo motivada pelo aumento do salário mínimo e na aceleração dos gastos públicos neste ano.
O INA do setor de máquinas e equipamentos cresceu 4,1% em março ante fevereiro (com ajuste sazonal). No entanto, o desempenho trimestral registrou queda de 4,7%. "Há subsetores de máquinas e equipamentos que têm sofrido concorrência muito forte das importações. Isso tem acontecido bastante com o segmento de injetores de plástico", disse Antonio Correa de Lacerda, do Departamento de Economia do Ciesp. Nessa indústria, com o dólar barato, tem ocorrido um deslocamento da produção local em favor das importações.

Indicadores voláteis
Segundo João Sicsú, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a leitura de indicadores de curto prazo pode criar um clima de euforia injustificado. "Precisamos de um período mais longo de análise de indústria. Temos que esperar para ver". Para ele, com uma taxa de juros real em torno de 10% no final do ano e câmbio valorizado, não dá para esperar um crescimento surpreendentemente alto da indústria.
Para Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria, há uma "volatilidade forte" dos indicadores da indústria e do comércio quando vistos sob uma perspectiva de curto prazo. Mas o aumento da demanda doméstica neste ano deve comandar uma alta mais sustentada da indústria.


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