São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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MERCADO

Presidente do Fed diz que órgão poderá precisar avaliar as condições econômicas; petróleo deve gerar inflação

Bernanke sinaliza pausa no aumento dos juros nos EUA

VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"

O Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) pode fazer uma pausa em sua campanha para aumentar as taxas de juros de curto prazo, disse seu presidente, Ben S. Bernanke, em audiência no Congresso, ontem.
Segundo ele, embora a economia esteja com boa saúde, enfrenta a perspectiva de desaceleração e maior inflação devido ao esfriamento do mercado imobiliário e ao aumento de preços da energia.
Bernanke disse que os riscos de aumento da inflação e de redução do crescimento talvez não estejam "totalmente equilibrados" e que o Fed pode decidir, em algum momento neste ano, conter temporariamente novos aumentos de sua taxa básica de juros, hoje em 4,75% ao ano, para que possa coletar mais informações.
As declarações parecem se destinar a dar ao Fed maior flexibilidade, ao se aproximar do fim de quase dois anos de aumento dos juros. Em comentários anteriores, os diretores do Fed indicaram fortemente que aumentariam a taxa para 5% na reunião de 10 de maio próximo, mas que futuros aumentos dependeriam de dados econômicos.
"Em especial, mesmo que na avaliação do comitê os riscos para suas metas não estejam totalmente equilibrados, em certo ponto no futuro o comitê pode decidir não tomar medidas em uma ou mais reuniões no interesse de ter mais tempo para receber informações relevantes à previsão", disse Bernanke ao Comitê Econômico Conjunto do Congresso.
A declaração de Bernanke animou as Bolsas dos EUA, já que os juros mais baixos significam menores custos para empresas e mais gasto dos consumidores. A Bolsa de Nova York fechou a 11.382,51 pontos -alta de 0,3%.
O fim da alta dos juros nos EUA também é positivo para os países em desenvolvimento, porque, quando os títulos norte-americanos rendem mais, os investidores tendem a tirar dinheiro de emergentes para investir nos EUA, que é considerado mais seguro.

Petróleo
Bernanke disse que o aumento dos preços do petróleo e outras fontes de energia até agora não provocou inflação mais ampla porque as empresas se tornaram mais produtivas. Mas existe um perigo, disse ele, de que as empresas possam repassar parte maior de seus custos de energia porque a economia vem ganhando força.
"Os crescentes preços da energia apresentam riscos para a atividade econômica e para a inflação. Se os preços da energia se estabilizarem neste ano, mesmo em um nível alto, seus efeitos negativos sobre o crescimento e a inflação deverão diminuir um pouco com o tempo. No entanto, como o mundo tem pouca capacidade excedente de produção de petróleo, altas periódicas nos preços continuam sendo uma possibilidade."


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves


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