São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Para ministro da Defesa, estatal não poderá adiar dívidas da aérea; cisão da empresa não está definida, afirma juiz

Infraero tem obrigação de cobrar Varig, diz Waldir Pires

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou ontem que é uma "obrigação" da Infraero (estatal que administra os aeroportos) cobrar as dívidas da Varig (cerca de R$ 134 milhões), inclusive com a exigência do pagamento diário de R$ 900 mil em taxas aeroportuárias da empresa aérea. Anteontem a estatal iniciou, por meio de envio de notificação extrajudicial, o processo de cobrança da dívida.
"A Infraero tem que cumprir a disposição legal. Não é uma decisão cobrar ou não cobrar. É uma obrigação, sem o que qualquer administrador estará submetido à lei e aí pode até ser apontado como prevaricador", afirmou, ao deixar o Palácio da Alvorada, onde esteve reunido com o presidente Lula e com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Questionado se a exigência da Infraero pode significar a paralisação dos vôos da empresa, Waldir Pires declarou: "Tudo o que não se deseja é isso, mas evidentemente nós estamos em face de uma situação grave".
Depois da reunião no Alvorada, Pires se encontrou, no Ministério da Defesa, com o juiz que cuida do processo de recuperação judicial da empresa, Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, com o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Sérgio Cavalieri Filho e com o diretor-geral da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi.
Após a reunião, Ayoub se manifestou contra a possibilidade de falência da Varig. "A falência à ninguém interessa. A empresa é viável." Sobre a possibilidade de a Varig ser dividida em uma empresa boa (sem dívidas) e outra ruim (com dívidas), o juiz não confirmou: "Estamos construindo uma solução, não há nenhuma definição ainda. Qualquer coisa que se fale é pura especulação".
Pela manhã, Zuanazzi participou de reunião do Conselho Nacional de Turismo e, segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo, afirmou que "a Anac fará de tudo para a Varig não falir" e que a agência fará um "plano de contingenciamento para tranqüilizar os consumidores".
O diretor-geral da Anac, também questionado sobre a apresentação da proposta na reunião, não confirmou. "Não entreguei nenhuma proposta", disse Zuanazzi, ao sair do ministério. A proposta de divisão da Varig é recorrente ao longo do processo de crise da empresa.
Sobre a eventual participação do BNDES na crise da Varig, o juiz Ayoub afirmou que depende da existência de investidores.
No fim da tarde de ontem, a ministra Dilma Rousseff convocou o diretor-geral da Anac e o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, para tratar da situação da Varig.
Na noite de quarta-feira, ela disse que o governo espera que investidor privado assuma o controle da Varig e que o BNDES está disposto a financiá-lo.
A Varig informou ontem que conseguiu desbloquear R$ 7 milhões em debêntures (certificados de dívidas) devidos à companhia pela American Express.


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