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Fazenda e BC travaram queda de braço
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No anúncio das medidas
sobre cartões de crédito,
Ministério da Justiça e
Banco Central foram escalados para explicar as decisões. Ficou de fora o Ministério da Fazenda, que
vinha travando com o BC
uma disputa em torno da
regulação do setor.
Ministro da Justiça,
Luiz Paulo Barreto minimizou a ausência da Fazenda. O fato, porém, é que
a queda de braço entre BC
e equipe do ministro Guido Mantega foi um dos
motivos para que as medidas demorassem mais de
três anos.
Dentro da Fazenda, o
desejo sempre foi o de baixar de imediato medidas,
por meio do CMN (Conselho Monetário Nacional),
que forçassem a concorrência no setor, reduzindo
as taxas de juros e as tarifas cobradas pelas empresas de cartão de crédito.
Reservadamente, técnicos da equipe de Mantega
acusavam o BC de fazer jogo duplo. Nas reuniões,
criticavam as empresas.
Nos bastidores, adotariam
posições que acabavam
postergando a adoção das
medidas na área, tal como
desejava o sistema financeiro. O BC nega.
A última disputa era sobre o poder do CMN para
regular o setor. A Fazenda
entendia que o órgão tinha
poderes para tomar todas
as medidas necessárias para regular o setor de cartões. O BC tinha posição
oposta, alegando que essas
empresas não podiam ser
enquadradas como instituições financeiras -portanto, o CMN não tinha
poderes sobre elas.
A decisão anunciada ontem indica que cada lado
teve de ceder. O governo
anunciou que, por meio do
CMN, serão baixadas resoluções para regular e fiscalizar as tarifas cobradas
pelas empresas, o que dará
ao governo mais controle
sobre o setor. Tal como defendiam os ministérios da
Fazenda e da Justiça.
O CMN só poderá, porém, fazer uma regulação
mais profunda no setor
depois que um projeto de
lei tratando do tema for
enviado ao Congresso Nacional -como defendia o
Banco Central ao avaliar
que o conselho não tinha
poderes para regular as
empresas de cartões.
O setor ganhou tempo,
mas não conseguiu fazer
prevalecer totalmente seu
desejo de implementar a
autorregulação. Agora, o
lobby se voltará para o
Congresso, onde tramitará o projeto de lei.
(JULIANNA SOFIA e VALDO CRUZ)
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