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MERCADO EXTERNO
C-bonds, os mais negociados do mundo, perdem valor; juro de papéis do Tesouro dos EUA aumenta
Título da dívida brasileira despenca em NY
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
Os C-bonds, títulos da dívida externa brasileira renegociada, despencaram ontem, acompanhando
o pessimismo que tomou conta
dos mercados internacionais.
Os preços de fechamento caíram
de US$ 82,75, na sexta-feira, para
menos de US$ 80,25 ontem. Terminaram o dia em US$ 80,63.
Com isso, os juros pagos por esses títulos brasileiros aos investidores internacionais ficaram 5,02
pontos percentuais acima das taxas dos títulos do Tesouro dos
EUA. No fechamento da sexta-feira, estavam em 4,76 pontos.
Para hoje, os investidores apostam em um aumento ainda maior
nessa diferença entre um juro e
outro, uma medida importante de
quanto os investidores internacionais estão pedindo para deixar o
porto seguro dos títulos do Tesouro dos EUA e apostar no Brasil. É
uma fórmula cada vez mais consagrada de medir o chamado "risco
Brasil".
Ontem, os juros pagos pelos títulos do Tesouro dos EUA também subiram. No caso dos papéis
com vencimento em 30 anos, passaram de 5,95% para 6,05%.
Usando o C-bond como parâmetro, o Brasil ainda não conseguiu recuperar, junto aos investidores internacionais, a credibilidade que possuía antes do início
da crise asiática, em outubro.
Antes da crise, a diferença das
duas taxas de juros era de cerca de
3,50 pontos percentuais ao ano.
No auge da crise, bateu em 8.
Os C-bonds são, de longe, os títulos da dívida externa mais negociados no mundo. Em 97, giraram
nada menos do que US$ 649 bilhões, mais do que o segundo, terceiro e quarto colocados juntos.
Investem nesses papéis os fundos mútuos dos EUA, os fundos
de "hedge", que giram pelo
mundo todo atrás de proteção, e
bancos.
Foram principalmente os
C-bonds que trouxeram perdas
milionárias, com a crise, a muitos
bancos estrangeiros e nacionais.
Os bancos nacionais não podem
operar diretamente no mercado,
mas vários deles atuam por intermédio de suas subsidiárias em paraísos fiscais.
Existem dois tipos de mercados
de títulos da dívida. Um deles é o
de balcão, que movimenta, por intermédio de telas eletrônicas, lotes
de recursos que variam de US$ 2
milhões a US$ 10 milhões.
No outro, mais restrito, as vendas são feitas por telefone. É nesse
mercado que os grandes volumes
são movimentados. É chamado de
"street". Os lotes são, na média,
de US$ 50 milhões ou US$ 100 milhões.
Segundo bancos estrangeiros, o
mercado de balcão já retomou inteiramente seu patamar de antes
da crise asiática. Mas o "street"
ainda não. Só agora os bancos começam a se falar por telefone.
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