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"Mercado financeiro leva um susto com queda nas Bolsas de Valores
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
Investidores e analistas financeiros estão preocupados com a extensão da crise financeira iniciada
ontem. A queda no valor das ações
nas principais Bolsas de Valores
do mundo pode ser um ligeiro
ajuste na cotação dos papéis ou o
início de uma fase de baixa no
mercado financeiro internacional.
"A dúvida é se estamos diante
de uma nova crise internacional",
diz Florian Bartunek, diretor de
renda variável do banco Pactual.
As maiores preocupações se concentram na paralisia da economia
japonesa e o medo de que haja
uma bolha especulativa na Bolsa
de Nova York prestes a explodir
com violência.
Existem basicamente dois cenários, na avaliação dos especialistas. Na visão otimista, a nova rodada de queda nas Bolsas, abatendo os preços em 6,4% na Itália ou
5% na Holanda, são simples correções de rumo. As Bolsas de Valores estavam com as cotações um
pouco infladas e bastaria um corte
de 5% a 10% nos preços para recolocar o mercado financeiro em seu
eixo.
A avaliação mais pessimista é de
que haja uma enorme bolha especulativa nas Bolsas dos Estados
Unidos e Europa. O nervosismo
de ontem no mercado financeiro
estava calçado no medo de que a
suposta bolha pudesse ser furada
por aumento de juros por parte do
Federal Reserve, o banco central
norte-americano, em sua próxima
reunião marcada para o dia 19 de
maio.
Outro medo é que a crise no Japão piore e afete o mercado financeiro internacional. Estão em
mãos de japoneses boa parte dos
títulos da dívida norte-americana.
Se precisarem vender os papéis
para fazer caixa, os japoneses abatem a cotação dos títulos, o que
elevaria os juros praticados no
mercado financeiro e tiraria recursos das Bolsas.
"Era previsível uma correção
nos preços, mas ninguém sabia
quando ocorreria. Agora, ficou
claro que a correção está para
ocorrer devido aos problemas nos
Estados Unidos e Japão", diz Rodrigo Bresser, do banco Matrix.
Sem saber qual a extensão da nova rodada de queda nas Bolsas, os
investidores brasileiros se dividiram. Alguns resolveram vender
seus papéis e esperar o tremor financeiro passar, mas outros optaram por aproveitar a oportunidade de fechar bons negócios.
"O preço das ações já estava baixo no Brasil e os principais fundamentos da economia não mudaram. Alguns investidores acharam
que a queda de 5% nas cotações
deixou os papéis muito baratos e
deram ordem de comprar ações",
diz Eduardo De La Peña, analista
de investimentos do banco Bozano, Simonsen.
As ações brasileiras estão 23,43%
mais baratas do que estavam em
julho do ano passado, no pico das
cotações. Enquanto as cotações se
recuperaram nos Estados Unidos
e na Europa, no Brasil elas ficaram
em marcha lenta. Na queda de ontem, o Brasil também sentiu mais.
"Era previsível que as Bolsas
brasileiras caíssem, acompanhando a baixa generalizada internacional. O que causa mais apreensão é o fato de a queda ter sido
mais acentuada no Brasil do que a
média internacional", diz Luis
Stuhlberger, diretor da corretora
Hedging-Griffo.
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