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LUÍS NASSIF
A Finep e a tecnologia
A esperança de uma política consistente para o setor de ciências e tecnologia está nas mãos da Secretaria de Governo, de Luiz Gushiken, e na
Finep (Financiadora de Estudos
e Pesquisas), entregue ao físico
Sérgio Rezende, de Pernambuco. Rezende foi secretário do governo Arraes, o que não enriquece sua biografia. Mas tem reputação acadêmica e seriedade.
Na Finep sempre imperou um
subjetivismo anacrônico na
concessão de financiamentos,
concedidos de acordo com as
preferências pessoais de seus sucessivos presidentes. Na outra
ponta, uma atuação corporativista e radical da associação de
funcionários, em uma luta intestina na qual o que menos interessava era o cliente -e empresa buscando a inovação.
Rezende entra com imagem
de seriedade e cercado de bons
propósitos, mas não basta. Explica que sua diretoria é diversificada, mesclando experiências
diversas, desde Odilon Canto,
doutor por Berkeley e ex-reitor
da Universidade de Santa Maria, a Michel Labaki, engenheiro e ex-executivo da Oxiteno,
uma das maiores clientes da Finep.
A idéia é trazer essa visão do
cliente, atuando de forma mais
transparente para o cliente e
mais eficiente no encaminhamento das propostas, inclusive
com cronogramas de aprovação, com prazos rígidos. Na gestão anterior entrava-se com o
projeto, mas não se tinha prazo
de resposta, e a aprovação dependia exclusivamente da vontade pessoal dos diretores.
O Conselho Consultivo, cuja
função seria congregar a inteligência nacional para ajudar no
processo de formulação de políticas, nunca se reuniu na gestão
anterior. Esse conselho deveria
ter 20 câmaras técnicas setoriais, formadas por gente de fora, para poder levar a comunidade externa à Finep e vice-versa. Agora pretende-se reativá-lo.
Mesmo assim, a Finep padece
de um problema estrutural. Há
escassa capacidade interna para análise de projeto e também
pouco recurso. No ano passado
foram R$ 118 milhões de crédito,
contra R$ 100 milhões do ano
anterior. Mas há recursos do
FNDCT (Fundo Nacional para
o Desenvolvimento de Ciência e
Tecnologia) a fundo perdido,
incrementado agora pelos fundos setoriais.
A idéia de Rezende é expandir
as linhas de financiamento para
haver presença do pesquisador
na empresa, experiência que
tem trazido bons resultados em
programas similares da Fapesp.
E pretende uma ampla renovação nos quadros da Finep.
Frases do frei
Da reportagem de César Felício, do jornal "Valor", com declarações de frei Betto em seminário organizado pela Prefeitura de São Paulo sobre o programa Fome Zero:
"O presidente precisava criar
uma ampla participação popular e inteligentemente criou alguns mecanismos para isso. Lançou um programa para as pessoas que menos votaram nele,
das classes D e E das cidades pequenas. E por que isso? Porque o
miserável tem uma auto-estima
muito baixa e não votaria no
candidato dos pequenos".
Generalização
Ontem cometi um escorregão
que vivo criticando na coluna
-a generalização- ao jogar
todos os professores de economia
da PUC-RJ no mesmo balaio dos
consultores que a utilizam como
caixa de ressonância.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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