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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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Inflação aumenta para cachorro

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A presença de animais de estimação nas famílias paulistanas tem aumento constante. Uma pesquisa recente mostra que de cada três casas na região leste de São Paulo duas têm animais domésticos. Alimentar esses animais, no entanto, está caro. Tão caro que esse é um dos itens que mais geram inflação para os paulistanos no momento, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Pela primeira vez, os custos relativos a animais domésticos aparecem na lista das maiores pressões inflacionárias. Estão no topo da lista -e perdem apenas para o aumento do arroz, o novo vilão da inflação-, ao lado dos reajustes do leite e dos carros usados. Nas contas da Fipe, esses animais são responsáveis por 7% da mais recente taxa de inflação divulgada pela instituição, que foi de 0,30%.
A mordida de preços está centrada nas rações. Nas últimas quatro semanas, em relação às quatro anteriores, os preços médios das marcas consideradas de primeira linha acumularam alta de até 12%. Já a variação dos preços médios da segunda semana de maio, em relação à segunda de abril, mostrou evolução de 30% nas rações para cães e de 40% nas para gatos. Isso indica que esse item vai continuar pesando na inflação nas próximas semanas.
Nos últimos 12 meses, o aumento médio das rações para cachorro atingiram 45%, enquanto o das rações para gatos somou 59%, segundo a Fipe.
Os lojistas já sentem os efeitos desses reajustes. Em um período de renda curta até para os alimentos dos consumidores, a evolução dos preços das rações começa a assustar os proprietários de cães e gatos, segundo eles.
Giusemar Mondillo, da Aukimia, uma loja da zona norte, diz que já há queda nas vendas desses produtos. Já Ivan Aparecido Batista do Carmo, da Cãoq'late, também da zona norte, diz que esses aumentos obrigam os consumidores a trocar as marcas de primeira linha para outras com a mesma qualidade, mas de preços menores.

Membros da família
Carmo diz que dificilmente há corte na alimentação porque os animais atualmente são considerados membros da família. Ele volta aos tempos do governo Collor e relembra o ex-ministro Antonio Rogério Magri (Trabalho), com a famosa frase: "Cachorro também é ser humano".
Há 12 anos, quando entrou nesse negócio, Carmo achou que era um ramo de supérfluos. Hoje, vê que os animais estão incorporados à vida das pessoas. Apesar dos aumentos contínuos de preços nas rações desde novembro do ano passado e do anúncio das indústrias de que novas listas de preços virão, o proprietário da Cãoq'late diz que esse é um mercado que continua crescendo.
Luiz Fernando Dutra, diretor do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, confirma a expansão. As lojas de pet shop passaram a fazer parte da vida dos paulistanos e já somam 5.000 unidades na capital paulista.
Em um mundo de pouco relacionamento humano, os animais passaram a ser importantes porque demonstram afetividade. Daí a grande presença de animais nas residências, como mostra a pesquisa da zona leste, diz ele.
Dutra, que também tem uma clínica veterinária no Guarujá (litoral paulista), também constatou alta nos preços das rações desde o final do ano passado. Procuradas pela Folha, as associações e indústrias produtoras de rações não quiseram se pronunciar sobre os aumentos.


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