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Inflação aumenta para cachorro
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A presença de animais de estimação nas famílias paulistanas
tem aumento constante. Uma
pesquisa recente mostra que de
cada três casas na região leste de
São Paulo duas têm animais domésticos. Alimentar esses animais, no entanto, está caro. Tão
caro que esse é um dos itens que
mais geram inflação para os paulistanos no momento, segundo a
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Pela primeira vez, os custos relativos a animais domésticos aparecem na lista das maiores pressões inflacionárias. Estão no topo
da lista -e perdem apenas para o
aumento do arroz, o novo vilão da
inflação-, ao lado dos reajustes
do leite e dos carros usados. Nas
contas da Fipe, esses animais são
responsáveis por 7% da mais recente taxa de inflação divulgada
pela instituição, que foi de 0,30%.
A mordida de preços está centrada nas rações. Nas últimas quatro semanas, em relação às quatro
anteriores, os preços médios das
marcas consideradas de primeira
linha acumularam alta de até 12%.
Já a variação dos preços médios
da segunda semana de maio, em
relação à segunda de abril, mostrou evolução de 30% nas rações
para cães e de 40% nas para gatos.
Isso indica que esse item vai continuar pesando na inflação nas
próximas semanas.
Nos últimos 12 meses, o aumento médio das rações para cachorro atingiram 45%, enquanto o das
rações para gatos somou 59%, segundo a Fipe.
Os lojistas já sentem os efeitos
desses reajustes. Em um período
de renda curta até para os alimentos dos consumidores, a evolução
dos preços das rações começa a
assustar os proprietários de cães e
gatos, segundo eles.
Giusemar Mondillo, da Aukimia, uma loja da zona norte, diz
que já há queda nas vendas desses
produtos. Já Ivan Aparecido Batista do Carmo, da Cãoq'late, também da zona norte, diz que esses
aumentos obrigam os consumidores a trocar as marcas de primeira linha para outras com a
mesma qualidade, mas de preços
menores.
Membros da família
Carmo diz que dificilmente há
corte na alimentação porque os
animais atualmente são considerados membros da família. Ele
volta aos tempos do governo Collor e relembra o ex-ministro Antonio Rogério Magri (Trabalho),
com a famosa frase: "Cachorro
também é ser humano".
Há 12 anos, quando entrou nesse negócio, Carmo achou que era
um ramo de supérfluos. Hoje, vê
que os animais estão incorporados à vida das pessoas. Apesar dos
aumentos contínuos de preços
nas rações desde novembro do
ano passado e do anúncio das indústrias de que novas listas de
preços virão, o proprietário da
Cãoq'late diz que esse é um mercado que continua crescendo.
Luiz Fernando Dutra, diretor do
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, confirma a expansão. As lojas
de pet shop passaram a fazer parte
da vida dos paulistanos e já somam 5.000 unidades na capital
paulista.
Em um mundo de pouco relacionamento humano, os animais
passaram a ser importantes porque demonstram afetividade. Daí
a grande presença de animais nas
residências, como mostra a pesquisa da zona leste, diz ele.
Dutra, que também tem uma
clínica veterinária no Guarujá (litoral paulista), também constatou
alta nos preços das rações desde o
final do ano passado. Procuradas
pela Folha, as associações e indústrias produtoras de rações não
quiseram se pronunciar sobre os
aumentos.
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