São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Mantega vai expor divergências com Meirelles

Sem querer entrar em um confronto direto com o Banco Central, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai expor hoje, em sua audiência no Senado, sua visão em relação ao câmbio. A exposição de Mantega vai deixar clara sua divergência com o Banco Central.
Nos últimos dias, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, tem aumentado o tom do debate em relação à questão cambial. Ontem, durante audiência no Congresso, Meirelles disse que os juros altos no Brasil não teriam nenhuma influência sobre a entrada maciça de dinheiro de fora do país e afastou a hipótese de qualquer medida para conter a valorização do câmbio.
Mantega vai mostrar que não compartilha da mesma opinião de Meirelles. O ministro da Fazenda vai defender a manutenção de um processo mais agressivo de redução de juros e uma política mais forte por parte do Banco Central de acumulação de reservas.
Ao contrário de Meirelles, Mantega acha que os juros altos praticados no Brasil constituem, sim, um fator importante de atração de dinheiro de fora e são, portanto, um dos principais motivos que explicam a queda do dólar. Recentemente, Mantega chegou a manifestar sua preocupação com o câmbio.
Mantega até concorda com os argumentos de Meirelles de que o dólar está se desvalorizando no mundo inteiro, e, no Brasil, não seria diferente. Também defende, a exemplo de Meirelles, que a economia brasileira está bem situada nesta crise e, por isso também, tem atraído investidores de fora.
A divergência se refere principalmente à política monetária. Mantega quer que o Banco Central baixe os juros de forma mais acelerada, em pelo menos um ponto percentual na próxima reunião do Copom. Já o Banco Central tem dado indicações de que poderá ser mais cauteloso daqui para a frente.
Mantega vai dizer hoje que a inflação está muito controlada, até em razão da queda do dólar. As previsões são que a taxa encerre o ano abaixo da meta de 4,5%, o que reforça, a seu ver, a tese de que o Banco Central deveria ser mais agressivo no corte de juros.
O ministro da Fazenda também acha que, agora, o Brasil tem uma nova oportunidade de aumentar o seu colchão de reservas neste momento de dólar baixo. Mantega vai dizer hoje, no Senado, que, em 2006, ele foi, dentro do governo, o maior defensor da política de acumulação de reservas, apesar de ter encontrado resistências no Banco Central.
As reservas saltaram de US$ 40 bilhões para US$ 200 bilhões e essa medida é apontada como uma das principais razões para o Brasil estar se saindo bem da crise.

SE MAOMÉ NÃO VAI À MONTANHA

A Tryon, marca de calçados esportivos do grupo Dass, vai inaugurar um escritório na Argentina em julho e planeja começar a fabricar parte da produção no país no ano que vem. Hoje o grupo já possui uma fábrica na Argentina, mas não produz a marca Tryon. Segundo Gabriel Moraes, diretor da Tryon, o principal motivo para a decisão é a restrição à entrada de calçados brasileiros na Argentina. O tempo para a liberação dos produtos na alfândega chega a seis meses, diz. Hoje a empresa vende cerca de 100 mil pares por ano para a Argentina, seu principal comprador externo, mas estima que o volume triplique com a produção no país. A estimativa da Abicalçados (associação do setor calçadista brasileiro) é que um total de 4 milhões de pares deixaram de ser exportados para a Argentina por conta das barreiras de entrada no país.

RISCO CALCULADO

A Bradesco Auto/RE, braço da Bradesco Seguros, promove o 2º Fórum de Riscos, no próximo dia 2, em São Paulo, para 500 convidados. "Queremos mostrar aos empresários que a sociedade está sujeita a diferentes riscos, mas que eles podem ser atenuados", diz o presidente da empresa, Ricardo Saad. O evento contará com a presença do ex-prefeito Rudolph Giulianni (NY), que abordará o risco não calculado usando o exemplo do 11 de Setembro.

ALONGAMENTO
A candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 ganhou a adesão da Odebrecht, que desembolsará R$ 3 milhões para ser a nova patrocinadora da campanha, que já conta com EBX, Embratel e TAM.

ÀS COMPRAS
O grupo Advento contratou o BroadSpan Capital, de aquisições e fusões, para assessorar na compra de uma empresa de montagens nas áreas de petróleo e gás.

NA ANTESSALA
A cena aconteceu na antessala da 2ª Vara Federal Criminal, em São Paulo, quando algumas testemunhas esperavam para depor sobre o caso do mensalão. A demora era tanta que uma delas teve a ideia de pedir uma pizza. Um gaiato não perdeu a oportunidade: "Mas tem que pagar em dinheiro vivo. Ninguém vai aceitar cheque de testemunha de mensalão", disse.

ANIMAL
Uma em cada duas residências brasileiras tem cachorro, gato ou outro animal de estimação, segundo levantamento da Merial Saúde Animal. Cerca de 25% da população canina visita veterinário com regularidade. Além das vacinas obrigatórias, como a da raiva e a da cinomose, os cuidados com carrapatos e pulgas lideram a lista de preferências dos brasileiros que têm bichos.

ESPARADRAPO
Os estrangeiros estão de olho no mercado de saúde brasileiro. Eles representam cerca de 40% dos 1.200 expositores da feira Hospitalar, que será realizada de 2 a 5 de junho, em São Paulo. Apenas da rodada internacional de negócios do evento, 22 compradores de 14 países vão participar. A expectativa é receber mais de 3.000 importadores, principalmente de missões empresariais e representantes de Ministérios da Saúde de diversos países.

MISTURA
A ANP realiza amanhã o primeiro leilão para a adição de 4% de biodiesel ao diesel consumido no país, que entra em vigor no dia 1º de julho. Allan Kardec Duailibe, diretor da ANP, diz que a nova mistura deve gerar economia de US$ 939 milhões em um ano devido à redução das importações de diesel. Cada litro da nova mistura diminui em 3% a emissão de CO2, e espera-se uma redução anual de 1,2 milhão de toneladas nessas emissões.

VIZINHANÇA
Representantes da indústria brasileira de pneus estiveram, nesta semana, no Ministério do Desenvolvimento para reclamar de medidas aplicadas pela Argentina contra as importações de produtos do segmento pneumático, que desencadearam uma retração de 70% nos embarques brasileiros para o país vizinho, nos primeiros meses do ano. Os fabricantes pediram uma posição mais firme do governo brasileiro.

PNEU FURADO
Segundo levantamento da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério do Desenvolvimento, no ano passado, a indústria brasileira exportou, por mês, uma média de 214 mil pneus para a Argentina. De janeiro a abril de 2009, a média dessas exportações foi de 66 mil por mês. Na contramão, as importações brasileiras de pneus argentinos caíram apenas 8,7%.

DANÇA DA CADEIRA
Mário Mugnaini, diretor-executivo de comércio exterior da Abimaq e ex-secretário-executivo da Camex, vai assumir a presidência da agência Investe São Paulo. O órgão foi criado em dezembro de 2008 para atrair investimentos e é subordinado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento, de Geraldo Alckmin. O nome de Mugnaini foi escolhido pelo governador José Serra.

ESTADO E CAPITAL
Cláudio Vaz, atual presidente da Investe São Paulo, reforçará a equipe da recém-criada companhia de mobilização de ativos do município de São Paulo. O órgão será presidido por Rogério Amato, atual secretário de Assistência Social do Estado. Para seu lugar, Serra nomeará a deputada estadual Rita Passos (PV).


com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CATIA SEABRA


Próximo Texto: País entrou em recessão em 2008, diz comitê
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.