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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Mantega vai expor divergências com Meirelles
Sem querer entrar em um
confronto direto com o Banco
Central, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, vai expor hoje,
em sua audiência no Senado,
sua visão em relação ao câmbio.
A exposição de Mantega vai
deixar clara sua divergência
com o Banco Central.
Nos últimos dias, Henrique
Meirelles, presidente do Banco
Central, tem aumentado o tom
do debate em relação à questão
cambial. Ontem, durante audiência no Congresso, Meirelles disse que os juros altos no
Brasil não teriam nenhuma influência sobre a entrada maciça
de dinheiro de fora do país e
afastou a hipótese de qualquer
medida para conter a valorização do câmbio.
Mantega vai mostrar que não
compartilha da mesma opinião
de Meirelles. O ministro da Fazenda vai defender a manutenção de um processo mais agressivo de redução de juros e uma
política mais forte por parte do
Banco Central de acumulação
de reservas.
Ao contrário de Meirelles,
Mantega acha que os juros altos
praticados no Brasil constituem, sim, um fator importante
de atração de dinheiro de fora e
são, portanto, um dos principais motivos que explicam a
queda do dólar. Recentemente,
Mantega chegou a manifestar
sua preocupação com o câmbio.
Mantega até concorda com
os argumentos de Meirelles de
que o dólar está se desvalorizando no mundo inteiro, e, no
Brasil, não seria diferente.
Também defende, a exemplo
de Meirelles, que a economia
brasileira está bem situada nesta crise e, por isso também, tem
atraído investidores de fora.
A divergência se refere principalmente à política monetária. Mantega quer que o Banco
Central baixe os juros de forma
mais acelerada, em pelo menos
um ponto percentual na próxima reunião do Copom. Já o
Banco Central tem dado indicações de que poderá ser mais
cauteloso daqui para a frente.
Mantega vai dizer hoje que a
inflação está muito controlada,
até em razão da queda do dólar.
As previsões são que a taxa encerre o ano abaixo da meta de
4,5%, o que reforça, a seu ver, a
tese de que o Banco Central deveria ser mais agressivo no corte de juros.
O ministro da Fazenda também acha que, agora, o Brasil
tem uma nova oportunidade de
aumentar o seu colchão de reservas neste momento de dólar
baixo. Mantega vai dizer hoje,
no Senado, que, em 2006, ele
foi, dentro do governo, o maior
defensor da política de acumulação de reservas, apesar de ter
encontrado resistências no
Banco Central.
As reservas saltaram de
US$ 40 bilhões para US$ 200
bilhões e essa medida é apontada como uma das principais razões para o Brasil estar se saindo bem da crise.
SE MAOMÉ NÃO VAI À MONTANHA
A Tryon, marca de calçados esportivos do grupo Dass, vai
inaugurar um escritório na Argentina em julho e planeja começar a fabricar parte da produção no país no ano que vem.
Hoje o grupo já possui uma fábrica na Argentina, mas não
produz a marca Tryon. Segundo Gabriel Moraes, diretor da
Tryon, o principal motivo para a decisão é a restrição à entrada de calçados brasileiros na Argentina. O tempo para a
liberação dos produtos na alfândega chega a seis meses, diz.
Hoje a empresa vende cerca de 100 mil pares por ano para a
Argentina, seu principal comprador externo, mas estima que
o volume triplique com a produção no país. A estimativa da
Abicalçados (associação do setor calçadista brasileiro) é que
um total de 4 milhões de pares deixaram de ser exportados
para a Argentina por conta das barreiras de entrada no país.
RISCO CALCULADO
A Bradesco Auto/RE, braço da Bradesco Seguros, promove o 2º Fórum de Riscos, no próximo dia 2, em São
Paulo, para 500 convidados. "Queremos mostrar aos empresários que a sociedade está sujeita a diferentes riscos, mas que eles podem ser atenuados", diz o presidente da
empresa, Ricardo Saad. O evento contará com a presença
do ex-prefeito Rudolph Giulianni (NY), que abordará o
risco não calculado usando o exemplo do 11 de Setembro.
ALONGAMENTO
A candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 ganhou
a adesão da Odebrecht, que
desembolsará R$ 3 milhões
para ser a nova patrocinadora da campanha, que já conta
com EBX, Embratel e TAM.
ÀS COMPRAS
O grupo Advento contratou o BroadSpan Capital, de
aquisições e fusões, para assessorar na compra de uma
empresa de montagens nas
áreas de petróleo e gás.
NA ANTESSALA
A cena aconteceu na antessala da 2ª Vara Federal
Criminal, em São Paulo,
quando algumas testemunhas esperavam para depor
sobre o caso do mensalão. A
demora era tanta que uma
delas teve a ideia de pedir
uma pizza. Um gaiato não
perdeu a oportunidade:
"Mas tem que pagar em dinheiro vivo. Ninguém vai
aceitar cheque de testemunha de mensalão", disse.
ANIMAL
Uma em cada duas residências brasileiras tem cachorro, gato ou outro animal
de estimação, segundo levantamento da Merial Saúde
Animal. Cerca de 25% da população canina visita veterinário com regularidade.
Além das vacinas obrigatórias, como a da raiva e a da cinomose, os cuidados com
carrapatos e pulgas lideram
a lista de preferências dos
brasileiros que têm bichos.
ESPARADRAPO
Os estrangeiros estão de
olho no mercado de saúde
brasileiro. Eles representam
cerca de 40% dos 1.200 expositores da feira Hospitalar, que será realizada de 2 a
5 de junho, em São Paulo.
Apenas da rodada internacional de negócios do evento, 22 compradores de 14
países vão participar. A expectativa é receber mais de
3.000 importadores, principalmente de missões empresariais e representantes de
Ministérios da Saúde de diversos países.
MISTURA
A ANP realiza amanhã o
primeiro leilão para a adição
de 4% de biodiesel ao diesel
consumido no país, que entra em vigor no dia 1º de julho. Allan Kardec Duailibe,
diretor da ANP, diz que a nova mistura deve gerar economia de US$ 939 milhões em
um ano devido à redução das
importações de diesel. Cada
litro da nova mistura diminui em 3% a emissão de CO2,
e espera-se uma redução
anual de 1,2 milhão de toneladas nessas emissões.
VIZINHANÇA
Representantes da indústria brasileira de pneus estiveram, nesta semana, no Ministério do Desenvolvimento para reclamar de medidas
aplicadas pela Argentina
contra as importações de
produtos do segmento pneumático, que desencadearam
uma retração de 70% nos
embarques brasileiros para
o país vizinho, nos primeiros
meses do ano. Os fabricantes
pediram uma posição mais
firme do governo brasileiro.
PNEU FURADO
Segundo levantamento da
Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério
do Desenvolvimento, no ano
passado, a indústria brasileira exportou, por mês, uma
média de 214 mil pneus para
a Argentina. De janeiro a
abril de 2009, a média dessas
exportações foi de 66 mil por
mês. Na contramão, as importações brasileiras de
pneus argentinos caíram
apenas 8,7%.
DANÇA DA CADEIRA
Mário Mugnaini, diretor-executivo de comércio
exterior da Abimaq e ex-secretário-executivo da
Camex, vai assumir a presidência da agência Investe São Paulo. O órgão foi
criado em dezembro de
2008 para atrair investimentos e é subordinado à
Secretaria Estadual de Desenvolvimento, de Geraldo Alckmin. O nome de
Mugnaini foi escolhido pelo governador José Serra.
ESTADO E CAPITAL
Cláudio Vaz, atual presidente da Investe São Paulo, reforçará a equipe da
recém-criada companhia
de mobilização de ativos
do município de São Paulo. O órgão será presidido
por Rogério Amato, atual
secretário de Assistência
Social do Estado. Para seu
lugar, Serra nomeará a deputada estadual Rita Passos (PV).
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CATIA SEABRA
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