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Não existe hipótese de um calote, afirma FGV
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investidores não têm por
que temer um calote da dívida pública brasileira, avalia o diretor do
Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getúlio
Vargas), Antônio Carlos Porto
Gonçalves. Ele diz que a crise de
confiança que obrigou o governo
a encurtar o prazo da dívida e que
elevou o risco-país é fruto do exagero do mercado e não faz sentido
em nenhum cenário político.
Gonçalves fez várias simulações
sobre a evolução da dívida pública brasileira. No cenário em que
ele chama de básico, a economia
brasileira cresceria 2%, o superávit primário (os recursos que o
governo economiza para pagar
juros e tentar amortizar a dívida)
seria de 2,75% do PIB, e a taxa básica de juros não seria menor do
que 16,5%. O resultado: a relação
entre a dívida pública e o PIB
(Produto Interno Bruto) ficaria
constante durante os próximos
dois anos e cairia a partir daí, chegando a 49,9% do PIB em 2010.
A relação dívida pública subiria
para níveis preocupantes, diz o
economista, apenas se o governo
não continuasse gerando superávits primários. Ou seja, o esforço
fiscal do governo, hoje de 3,75%
do PIB, teria que ser menor do
que os 2,75% que ele projeta no
cenário básico.
As simulações, diz o economista
do Ibre, mostram que a dívida é
"pagável" e que não há razão para
a histeria que tomou conta do
mercado nas últimas semanas.
"Há um exagero considerável. A
dívida é pagável. A única possibilidade de não ser é se o próximo
governo, por esporte, decidir dizer que não a pagará", ironiza o
economista.
Gonçalves diz que as projeções
mostram que a relação entre a dívida e o PIB é muito sensível ao
superávit primário, ou seja, mudanças no superávit a fazem subir
ou cair consideravelmente.
Ele não considera quedas significativas dos juros nas suas projeções. Segundo os seus cálculos, a
taxa de juros reais, já descontados
os impostos cobrados pelo governo dos poupadores, está entre 4%
e 6% ao ano. "Uma redução muito grande geraria fuga de recursos", avalia.
(MARCELO BILLI)
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