São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 2002

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Não existe hipótese de um calote, afirma FGV

DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores não têm por que temer um calote da dívida pública brasileira, avalia o diretor do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Antônio Carlos Porto Gonçalves. Ele diz que a crise de confiança que obrigou o governo a encurtar o prazo da dívida e que elevou o risco-país é fruto do exagero do mercado e não faz sentido em nenhum cenário político.
Gonçalves fez várias simulações sobre a evolução da dívida pública brasileira. No cenário em que ele chama de básico, a economia brasileira cresceria 2%, o superávit primário (os recursos que o governo economiza para pagar juros e tentar amortizar a dívida) seria de 2,75% do PIB, e a taxa básica de juros não seria menor do que 16,5%. O resultado: a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) ficaria constante durante os próximos dois anos e cairia a partir daí, chegando a 49,9% do PIB em 2010.
A relação dívida pública subiria para níveis preocupantes, diz o economista, apenas se o governo não continuasse gerando superávits primários. Ou seja, o esforço fiscal do governo, hoje de 3,75% do PIB, teria que ser menor do que os 2,75% que ele projeta no cenário básico.
As simulações, diz o economista do Ibre, mostram que a dívida é "pagável" e que não há razão para a histeria que tomou conta do mercado nas últimas semanas.
"Há um exagero considerável. A dívida é pagável. A única possibilidade de não ser é se o próximo governo, por esporte, decidir dizer que não a pagará", ironiza o economista.
Gonçalves diz que as projeções mostram que a relação entre a dívida e o PIB é muito sensível ao superávit primário, ou seja, mudanças no superávit a fazem subir ou cair consideravelmente.
Ele não considera quedas significativas dos juros nas suas projeções. Segundo os seus cálculos, a taxa de juros reais, já descontados os impostos cobrados pelo governo dos poupadores, está entre 4% e 6% ao ano. "Uma redução muito grande geraria fuga de recursos", avalia.
(MARCELO BILLI)


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