|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
De janeiro a maio, economia para pagar juros é de R$ 36,98 bi
País obtém superávit de 5,73% do PIB
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor público promoveu um
ajuste fiscal mais forte do que o
acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Entre janeiro e maio, o superávit primário
(economia feita para o pagamento de juros) acumulado por
União, Estados, municípios e estatais chegou a R$ 36,98 bilhões.
O valor supera em R$ 2,48 bilhões o valor que o governo se
comprometeu a economizar ao
longo de todo o primeiro semestre. Ou seja, com um mês de antecedência, a meta acordada com o
FMI -obter um superávit primário de R$ 34,5 bilhões até junho-
já foi cumprida.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, diz que o resultado alcançado até o momento é positivo. Por um lado, afirma, o cumprimento antecipado da meta "dá
uma folga" para eventuais aumentos nos gastos públicos, ao
mesmo tempo em que "demonstra o empenho do governo em relação à austeridade fiscal".
A meta do governo, para todo o
ano de 2003, é obter um superávit
primário de cerca de R$ 68 bilhões no setor público, equivalente a 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto). Até agora, o esforço fiscal está acima dessa meta: entre
janeiro e maio, o resultado acumulado representa 5,73% do PIB.
Segundo Lopes, é normal que o
superávit alcançado no primeiro
semestre seja superior à meta fixada para todo o ano, pois é no final de cada ano que se concentra
um volume maior de gastos, como as despesas com o 13º salário
do funcionalismo público.
Nem mesmo esse esforço fiscal,
porém, foi suficiente para que o
governo conseguisse pagar todos
os juros que incidem sobre a dívida pública. Entre janeiro e maio, a
carga de juros totalizou R$ 65,311
bilhões.
Os gastos do governo com juros
são altos por causa da elevada taxa Selic, que corrige boa parte da
dívida pública. Atualmente, a Selic está em 26% ao ano.
Quando o superávit primário
não é suficiente para pagar todos
os juros que incidem em determinado período, o governo é obrigado a contrair novas dívidas e, com
o dinheiro de novos empréstimos, honrar tais encargos.
Em maio, a dívida do setor público chegou a R$ 858,369 bilhões,
o que representa 53,6% do PIB.
Em abril, essa proporção estava
em 52,1%.
A proporção entre dívida e PIB
é outro indicador da solvência de
um país.
Texto Anterior: Opinião econômica: Internacional da concorrência próxima a Cancún Próximo Texto: Comércio exterior: China reclama da soja brasileira Índice
|