São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Reservas internacionais alcançam a marca histórica de US$ 200 bi

No governo Lula, volume cresce 400%; BC reduz ritmo de compra de dólares

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas internacionais do Brasil atingiram a marca histórica de US$ 200 bilhões anteontem. Desde o início do governo Lula, cresceram 400%. O maior salto ocorreu em 2007, quando o volume aumentou 110%. Neste ano, o Banco Central reduziu o ritmo de compras de dólares no mercado de câmbio. Por isso, o crescimento das reservas foi de apenas 11%.
As reservas internacionais do país são compostas por moeda estrangeira que o Banco Central compra no mercado de câmbio nacional e aplica em títulos públicos no exterior. O aumento de reservas foi possível a partir de 2004, quando o Brasil passou a ter saldo positivo nas contas externas.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que o aumento do volume de reservas mostra que há espaço para o Brasil criar o seu fundo soberano. "É uma das razões pelas quais o governo está absolutamente tranqüilo da necessidade e da pertinência de o país ter um fundo soberano", disse.
Apesar da marca recorde de reservas internacionais, o BC desacelerou o ritmo de compra de dólares no mercado porque a oferta da moeda americana diminuiu desde que começou a crise financeira internacional e o Brasil voltou a ter déficit nas contas externas este ano. De janeiro a maio deste ano, o BC comprou US$ 13,2 bilhões no mercado de câmbio. No mesmo período do ano passado, as compras de moeda estrangeira somaram US$ 47,5 bilhões.
Por causa do aumento das reservas, o Brasil passou a ser credor internacional em fevereiro. Isso significa que o colchão de reservas é maior que as dívidas do setor público e das empresas no exterior. Em maio, dado mais recente, o Brasil era credor em US$ 21 bilhões. Um grande volume de reservas internacionais ajuda a proteger o país contra crises externas.

Emissão de títulos
O governo federal editou ontem uma MP (medida provisória) que autoriza o Tesouro Nacional a emitir títulos para o BC. A medida foi tomada porque a carteira de títulos do BC, usada para reduzir a oferta de reais na economia, está insuficiente. Um dos motivos para essa redução da carteira de títulos do BC é o crescimento das reservas internacionais.
Ao comprar dólares para aumentar as reservas, o BC coloca reais no mercado financeiro, elevando o volume de moeda na economia. Para reduzir novamente essa liquidez e não gerar risco de inflação, o BC vende os títulos do Tesouro que estão na sua carteira.
Como o BC está proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, desde 2002, de emitir títulos, a MP autoriza que a operação seja feita pelo Tesouro.
Além de aumentar a liquidez de moeda na economia, a compra de dólares feitas pelo BC tem um custo. Os reais usados para comprar a moeda estrangeira vêm da emissão de títulos públicos, atrelados à taxa básica de juros -que oferece rendimento maior que aquele recebido pelo Brasil na aplicação das reservas internacionais.
Ao defender sua estratégia, o BC argumenta que os benefícios da acumulação de reservas compensam os custos.


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