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NEGÓCIO
Nova financeira oferecerá cartões e empréstimos pessoais, mas poderá atuar como banco no futuro, após permissão do BC
Pão de Açúcar e Itaú criam empresa de crédito
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Pão de Açúcar, maior
varejista de alimentos do país, e o
banco Itaú, segundo maior banco
privado, anunciaram ontem uma
parceria para a criação de uma
nova empresa que irá explorar a
área de crédito bancário. Será a
maior associação já firmada no
Brasil entre bancos e o varejo. Irá
ultrapassar até o Carrefour e a financeira francesa Cetelem, com 4
milhões de clientes hoje.
A empresa Pão de Açúcar, ao lado de diferentes bancos, tem hoje
pouco mais de 4,3 milhões de
clientes que utilizam serviços e
produtos financeiros (como cartões e empréstimos).
A princípio, a nova empresa será uma financeira, mas poderá
atuar como banco, segundo permissão a ser solicitada ao Banco
Central. O Itaú fornecerá cartões
de crédito "private label" (restritos às lojas da rede), cartões com
bandeiras de aceitação também
fora das lojas, linhas de crédito direto ao consumidor e empréstimo
pessoal. O acordo entre as partes
terá duração de 20 anos, mas é
prorrogável. A operação conjunta
passa a valer a partir de janeiro de
2005, afirmou Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da rede. "O Abílio [Diniz]
está mais cauteloso quanto a afirmar isso aqui, mas posso garantir
que vamos fazer as vendas da rede
aumentarem", disse Roberto Setubal, presidente do Itaú.
Na prática, nessa operação, o
Pão de Açúcar não abrirá a carteira. O Itaú desembolsará R$ 455
milhões no processo, dos quais
R$ 380 milhões irão para a rede
varejista pela exploração dos pontos (as lojas da rede devem ter
postos de atendimento do Itaú).
Outros R$ 75 milhões serão empregados pelo banco como aporte
inicial na nova empresa.
O Pão de Açúcar entra com outros R$ 75 milhões. Não irá, entretanto, colocar a mão no bolso para isso. Dos R$ 380 milhões a serem pagos pelo Itaú ao Pão de
Açúcar, R$ 152,5 milhões vão para
o caixa da loja neste momento. E,
dentro desse valor, o grupo irá separar R$ 75 milhões para completar o aporte inicial.
Nessa conta, dos R$ 380 milhões, outros R$ 152,5 milhões serão liberados posteriormente à
rede. "Isso ficará vinculado ao
cumprimento de metas da nova
empresa em cinco anos. Se forem
alcançadas, o recurso é liberado",
diz Fernando Tracanella, diretor
de relações com investidores da
rede de supermercados.
Todos os acordos para fornecimento de cartões firmados anteriormente pela rede com o ABN
Amro Bank e o Fininvest (Unibanco) serão cancelados. A rede
terá de rever os acordos neste ano
e iniciará negociações para isso.
Renda
A operação dá ao Itaú o direito
de explorar uma base de consumidores de diferentes extratos sociais que visitam as lojas diariamente. São 40 milhões de tíquetes
(operações de venda) por mês nas
lojas da rede (Barateiro, Extra,
Pão de Açúcar, Eletro e Sendas).
"O Itaú vai ter acesso direto àquele cliente de baixa renda que o
banco não conseguiu atingir até
agora com as suas operações", diz
Álvaro Musa, sócio da consultoria
Partner. "É um filão e tanto."
O Pão de Açúcar, por sua vez,
tenta unificar suas operações na
área financeira. "Parecia uma colcha de retalhos. Eles tinham operações com diversos bancos e não
viam essa área de serviços bancários como estratégica", diz Musa.
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