São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FMI admite erros, mas governo quer compensações

DE BUENOS AIRES

O Escritório de Avaliação Independente do FMI (Fundo Monetário Internacional) reconheceu que o Fundo foi longe demais ao apoiar por muito tempo o regime de câmbio fixo na Argentina e que se guiou mais por expectativas do que por dados macroeconômicos, entre 1999 e 2002, sobre o país.
Mas o mea-culpa não foi suficiente para o governo argentino, conforme revelaram os jornais locais. O ministro da Economia, Roberto Lavagna, quer que, além da autocrítica, o FMI assuma a responsabilidade por ter apoiado as políticas aplicadas no país na década de 90.
A responsabilidade, segundo documento assinado por Lavagna que será entregue ao Fundo, inclui continuar rolando os vencimentos da dívida argentina até que o país saia da moratória e aprovar as revisões do último acordo, ou seja, não travar futuros desembolsos.
O FMI deixou a Argentina há mais de duas semanas, após concluir a terceira revisão do acordo de US$ 14 bilhões assinado em setembro, mas até agora não aprovou a revisão, que permite que o país saque as parcelas do acordo.
O mea-culpa do FMI e a posição do governo argentino, expressadas pelo representante do governo no Fundo, Hector Torres, foram apresentadas durante a exposição feita pelo Escritório de Avaliação Independente do FMI, que avaliou os programas aplicados pelo fundo na Argentina entre 1991 e o início de 2002, quando o país decretou a atual moratória da dívida externa.
O escritório, que funciona como uma espécie de ouvidoria do FMI, afirma que o Fundo deveria ter forçado a Argentina a abandonar o regime de câmbio fixo em 1999. Os resultados da investigação feita por esse escritório foram apresentados aos diretores do FMI. Estes agora terão que expor seus argumentos, que vão compor o relatório final do Fundo.
Lavagna também vai enviar um relatório. Segundo o "La Nación", ele dirá que "os erros do FMI favoreceram a capacidade dos governos argentinos de endividarem-se sem disciplina fiscal e de enganar a opinião pública com veleidades do Primeiro Mundo". (CD)


Texto Anterior: Vizinho: Argentina reduz nível de pobreza no país
Próximo Texto: Vôo da águia: Confiança cresce nos EUA e anima Bolsas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.