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PAPA-TUDO
Artur Falk é preso, acusado de tentar obstruir a Justiça
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário Artur Falk
foi preso anteontem à noite
por ordem do desembargador federal Abel Gomes, do
Rio, acusado de tentar obstruir a Justiça e de pressionar o ex-liquidante da Interunion Capitalização Antonio Nóbrega Telles de Menezes, funcionário do BC, para
esvaziar as ações criminais
existentes contra ele.
Falk é acionista da Interunion. Foi condenado a nove
anos e dois meses de prisão,
no dia 12, por crime financeiro, mas recorria em liberdade. Ficou conhecido no passado pelos sorteios de prêmios Papa Tudo.
O ex-liquidante prestou
depoimento às procuradoras
regionais da República Mônica Ré e Silvana Batini e
acusou Falk de montar um
""estratagema" para esvaziar
as ações criminais e o superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados, do Ministério da Fazenda), Renê Garcia, de colaborar com o empresário. A
Susep é o órgão federal responsável pela fiscalização do
mercado de seguros.
O liquidante foi afastado
do cargo no dia 7, segundo o
superintendente da Susep, a
pedido do BC. Mas, assim
que foi destituído, enviou
carta às procuradoras em
que diz que foi afastado
abruptamente e que o sucessor, Renato Sobrosa, representaria interesses de Falk.
A Interunion sofreu liquidação extrajudicial em 1998,
porque seu patrimônio era
insuficiente para pagar aos
cerca de 11 mil investidores
dos títulos de capitalização.
Segundo o ex-liquidante, o
empresário armou "estratagema" para esvaziar a acusação criminal contra ele, que
consistia em usar R$ 1 milhão do caixa da Interunion
para pagar os créditos de 10
mil pequenos investidores
prejudicados e ainda os créditos trabalhistas remanescentes, antes do dia 12 de julho, data de seu julgamento
no TRF, para descaracterizar
o crime financeiro.
Segundo o ex-liquidante,
Falk também pediu à Susep
que fosse refeito o relatório
da comissão de sindicância,
que apurou o passivo a descoberto em 1998 (levando à
liquidação), à luz dos novos
fatos financeiros, ou seja, da
valorização do patrimônio.
O superintendente da Susep é acusado de ajudar Falk
no plano por ter aprovado,
em caráter de urgência urgentíssima, a publicação do
quadro de credores no dia 10
de julho, ou seja, dois dias antes do julgamento da ação.
Outro lado
O superintendente da Susep, Renê Garcia, disse que
cabe ao ex-liquidante provar
as acusações. ""Se ele sabia de
tal artimanha, por que não
denunciou o fato?"
O advogado de Artur Falk,
Ranieri Mazzilli Neto, não
foi localizado pela Folha.
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