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COMENTÁRIO
Dados sobre desemprego conflitam com crise
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise que convulsiona o mercado financeiro e alimenta as altas
do dólar ainda não afetou o mercado de trabalho. Pelo contrário,
os dados sugerem que, apesar da
turbulência, há alguma melhora.
Os indicadores econômicos faziam crer que o segundo semestre
traria uma onda de demissões e
de corte de salários. Afinal a economia se desacelerou, os investimentos deveriam ficar em compasso de espera e a instabilidade
deve permanecer, no mínimo, até
que as eleições terminem.
Não foi isso que aconteceu nos
últimos meses. As taxas de desemprego continuam altas e os
salários estão menores do que os
registrados no ano passado, mas a
ocupação, ou seja, o número de
vagas disponíveis, aumentou.
Subiu também o número de
pessoas não ocupadas, ou seja,
aquelas que entram no mercado
de trabalho à procura de emprego. Parte desse aumento ocorre
porque pessoas que antes haviam
desistido de procurar emprego
voltam ao mercado.
O aumento do número de pessoas procurando trabalho pode
fazer a taxa de desemprego subir
-há mais pessoas para o mesmo
número de vagas-, mas é um
bom sinal, já que é razoável imaginar que os trabalhadores voltam ao mercado quando avaliam
que as chances de arranjar um
emprego são melhores.
Ainda é cedo para explicar essa
discrepância entre os indicadores
econômicos: de um lado, juros altos, baixo crescimento e crise externa, de outro, taxa de desemprego em queda.
Claro, as quedas ainda não são
expressivas e o desemprego pode
voltar a crescer nos próximos meses. Nesse caso, a explicação estaria na defasagem entre a crise financeira e os seus efeitos na economia real: primeiro o dólar sobe,
as empresas esperam para tomar
decisões, mantém seus planos e só
depois se ajustam.
Mas a queda no desemprego
pode significar também que o impacto da crise não tem sido tão
forte. Como a indústria foi responsável pelo maior número de
contratações, segundo o Dieese, a
alta no emprego sugere que os
empresários do setor começaram
a se preparar para atender às encomendas de final de ano. Um
movimento que teria começado
antes em anos sem crises.
A alta do dólar pode também
incentivar o aumento da produção em alguns setores industriais,
aumentando a oferta de emprego.
Algumas indústrias passam a exportar mais, outras recebem mais
pedidos de clientes que estão tentando substituir as matérias-primas importadas por produtos nacionais. Em ambos os casos, o resultado é a manutenção ou aumento do nível de produção, mesmo em meio à crise.
(MARCELO BILLI)
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