São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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CONTAS EXTERNAS

Balança comercial consegue bom resultado e faz saldo negativo de 12 meses cair para 3,19% do PIB

Déficit externo é o menor em cinco anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Graças à melhora no resultado da balança comercial, o déficit em transações correntes do Brasil -um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa do país- atingiu o nível mais baixo em mais de cinco anos, segundo dados do Banco Central.
Nos últimos 12 meses, o déficit ficou acumulado em US$ 16,7 bilhões, o que equivale a 3,19% do PIB (Produto Interno Bruto). Desde março de 1997 a relação entre déficit externo e PIB não é tão baixa.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, "as contas externas estão passando por um ajuste muito forte". Entre janeiro e julho deste ano, o déficit em transações correntes ficou em US$ 8,8 bilhões -pouco mais da metade dos US$ 15,4 bilhões registrados em igual período de 2001.
No mês passado, o déficit foi de US$ 550 milhões, podendo chegar a US$ 150 milhões neste mês, segundo Lopes. Nas projeções do BC, o déficit externo deve fechar o ano em US$ 17 bilhões, o que representa 3,14% do PIB.
Essa melhora só foi possível por causa do elevado superávit comercial registrado neste ano. Entre janeiro e julho deste ano, o saldo da balança ficou positivo em US$ 3,8 bilhões, contra US$ 30 milhões no ano passado.
O maior superávit comercial, por sua vez, é consequência da alta do dólar e do desaquecimento da economia, que provocaram uma queda nas importações. Nos sete primeiros meses do ano, as importações caíram 19% na comparação com 2001.

Transações
A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços (viagens internacionais, pagamento de juros e remessas de lucros e dividendos, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado para o país por residentes no exterior e vice-versa).
No caso do Brasil, mais da metade do déficit em transações correntes se refere aos juros da dívida externa pagos tanto pelo setor privado quanto pelo governo. Neste ano, os gastos com juros devem chegar a US$ 14,97 bilhões, o que representa 88% do déficit de US$ 17 bilhões projetado pelo BC.
Para cobrir o déficit externo, o país precisa atrair dólares na forma de investimento direto ou de empréstimos. Os investimentos são considerados a forma mais segura de financiar o déficit, pois o seu fluxo é menos influenciado pelas turbulências do mercado financeiro.


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