São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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Aplicação externa deve cair US$ 7,5 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O nervosismo do mercado financeiro internacional e a desconfiança em relação à economia brasileira devem reduzir em US$ 7,5 bilhões o fluxo de dólares para o país, segundo o Banco Central. Esse é o dinheiro que, de acordo com o BC, estrangeiros deixarão de colocar no Brasil na forma de empréstimos e de investimentos.
Até o mês passado, o BC projetava para este ano um ingresso de US$ 18 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. Agora, esse número foi reduzido para US$ 16,5 bilhões. Entre janeiro e julho, o total de investimentos ficou em US$ 10,5 bilhões.
Isso significa que, para chegar aos US$ 16,5 bilhões esperados pelo governo, o país precisará receber cerca de US$ 1,2 bilhão por mês em investimento direto até o final do ano. No mês passado ingressaram US$ 929 milhões, e neste mês, pelo número parcial calculado até ontem, foram US$ 880 milhões.
Além disso, o BC estimava em US$ 23 bilhões o total de empréstimos que o país conseguiria obter no mercado internacional. O valor, que inclui operações de empresas e do governo, foi reduzido para US$ 20 bilhões.
Por último, os gastos de investidores estrangeiros com a compra de ações e outros títulos emitidos por empresas brasileiras devem ficar em US$ 1,5 bilhão, e não em US$ 4,5 bilhões como estava sendo esperado até o mês passado.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a redução no fluxo de capital externo é consequência da "volatilidade interna e externa" observada nas últimas semanas.

Câmbio e FMI
Os números divulgados ontem pelo BC mostram que o novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) foi necessário para compensar a redução no fluxo de dólares para o país.
Nos últimos cinco meses deste ano, o Brasil precisará, nas contas do BC, de US$ 19,9 bilhões para equilibrar o seu balanço de pagamentos, ou seja, para compensar as saídas de dólares previstas para o período. O balanço de pagamento registra as transações do país com o exterior.
Até o mês passado, a expectativa do governo era que todo esse dinheiro ingressasse no país por meio de investimentos diretos e empréstimos. Agora, com a redução esperada de US$ 7,5 bilhões no fluxo de capital externo, o Brasil irá recorrer aos US$ 6 bilhões que o FMI se comprometeu a emprestar ao governo brasileiro até o final do ano.
Além disso, o governo conta com US$ 2 bilhões adicionais que devem vir com a melhora nos resultados da balança comercial: a projeção oficial para o superávit deste ano passou de US$ 5 bilhões para US$ 7 bilhões. O saldo acumulado até a semana passada está em US$ 5 bilhões.


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