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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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Ricupero prega controle de capital de curto prazo

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, defendeu ontem o controle do ingresso de capitais de curto prazo como mecanismo para conter a valorização excessiva do câmbio.
Ricupero, que foi ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco (1992-1995), afirmou que os produtos brasileiros só permanecerão competitivos para as exportações caso o dólar fique cotado entre R$ 3 e R$ 3,20.
"Esse instrumento [controle de capitais] existe e deve ser acionado no momento em que a valorização do real acontecer", afirmou. Ele, no entanto, destacou que seria preciso saber qual o ingresso diário de investimentos de curto prazo no Brasil para avaliar se a adoção da medida seria recomendável no momento.
Ricupero afirmou que o Brasil dá um tratamento melhor ao capital especulativo que ao investimento de empresas no país.
"Não tem sentido favorecer a entrada de capital de arbitragem, que pode sair daqui a qualquer momento. Principalmente se esse capital levar a uma valorização excessiva da moeda brasileira."
O secretário, que chegou a ser cotado para assumir a pasta das Relações Exteriores no governo Lula, lembrou ainda que a Argentina recentemente adotou o controle da entrada de capitais. Segundo ele, a medida também valeria para o Brasil.
No mês passado, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, descartou a proposta de controle de capitais, que vinha ganhando corpo entre representantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele alegou que esse tipo de medida só deve ser adotado em situações extremas.

Acordo medíocre
Ricupero alertou para o risco de um acordo "medíocre" na rodada de Cancún da OMC (Organização Mundial do Comércio), prevista para setembro, e disse que o Brasil não pode contar com a redução das barreiras dos EUA e da Europa para produtos agrícolas.


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