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Acordo com Fundo tem de mudar, diz Stiglitz
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista norte-americano
Joseph Stiglitz, Nobel de Economia em 2001, sugeriu que o Brasil
não renove o acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
se não forem redefinidos os critérios de superávit primário.
"Um acordo ruim é muito pior
que não haver acordo", disse Stiglitz, em entrevista ontem, pouco
antes de fazer uma palestra para
membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
-órgão consultivo para formulação de políticas públicas instituído pelo governo Lula.
Stiglitz se referiu ao aspecto que
deve polarizar as discussões com
o FMI para uma eventual renovação do acordo em vigor, que vence em dezembro. Pelas regras do
atual acordo, o governo precisa
contabilizar como gastos os investimentos feitos por empresas
estatais e investimentos em infra-estrutura. Isso o obriga a um
maior esforço para cumprimento
da meta de superávit primário
-fixada em 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
"Não é somente a dimensão do
superávit primário, mas como defini-lo. Um dos pontos centrais
dessa discussão é se os empréstimos tomados por estatais devem
ou não ser incluídos na conta de
déficit", afirmou Stiglitz. "Na Europa, não entram. Mas o FMI insiste em que os países da América
Latina os inclua. Isso estrangula
as estatais e impede o crescimento
da economia", argumentou.
De acordo com o professor da
Universidade de Columbia
(EUA), acordos com essa estrutura "devem ser rejeitados".
Recorreu à Argentina como
exemplo do "quanto políticas do
FMI podem ser errôneas". "Insistiram em uma política de contração da economia argentina, com
sucessivas instruções para que se
reduzissem os gastos. Acabaram
criando uma situação insustentável", disse o economista.
Stiglitz criticou o custo do capital no Brasil -e o sistema financeiro. "Os banqueiros no Brasil
precisam diminuir o "spread"
(diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é cobrado
do tomador final). Para que tal
coisa aconteça, é preciso uma
concorrência mais forte."
(JAD)
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