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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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Acordo com Fundo tem de mudar, diz Stiglitz

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista norte-americano Joseph Stiglitz, Nobel de Economia em 2001, sugeriu que o Brasil não renove o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) se não forem redefinidos os critérios de superávit primário.
"Um acordo ruim é muito pior que não haver acordo", disse Stiglitz, em entrevista ontem, pouco antes de fazer uma palestra para membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social -órgão consultivo para formulação de políticas públicas instituído pelo governo Lula.
Stiglitz se referiu ao aspecto que deve polarizar as discussões com o FMI para uma eventual renovação do acordo em vigor, que vence em dezembro. Pelas regras do atual acordo, o governo precisa contabilizar como gastos os investimentos feitos por empresas estatais e investimentos em infra-estrutura. Isso o obriga a um maior esforço para cumprimento da meta de superávit primário -fixada em 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
"Não é somente a dimensão do superávit primário, mas como defini-lo. Um dos pontos centrais dessa discussão é se os empréstimos tomados por estatais devem ou não ser incluídos na conta de déficit", afirmou Stiglitz. "Na Europa, não entram. Mas o FMI insiste em que os países da América Latina os inclua. Isso estrangula as estatais e impede o crescimento da economia", argumentou.
De acordo com o professor da Universidade de Columbia (EUA), acordos com essa estrutura "devem ser rejeitados".
Recorreu à Argentina como exemplo do "quanto políticas do FMI podem ser errôneas". "Insistiram em uma política de contração da economia argentina, com sucessivas instruções para que se reduzissem os gastos. Acabaram criando uma situação insustentável", disse o economista.
Stiglitz criticou o custo do capital no Brasil -e o sistema financeiro. "Os banqueiros no Brasil precisam diminuir o "spread" (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é cobrado do tomador final). Para que tal coisa aconteça, é preciso uma concorrência mais forte." (JAD)


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