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Queda do PIB espanhol é maior que a prevista
Retomada desigual das economias europeias coloca dúvidas sobre força e ritmo da recuperação do bloco
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A economia espanhola recuou 4,2% no segundo trimestre do ano na comparação com
2008-o pior índice desde
1970- e manteve a trajetória
de recessão, com uma queda de
1,1% sobre os primeiros três
meses deste ano. A queda foi
ainda mais acentuada que a estimativa inicial: de 4,1%, ante o
segundo trimestre do ano passado, e de 1%, em relação a janeiro a março deste ano.
O recuo, embora tenha se desacelerado em relação ao primeiro trimestre (quando caiu
1,6%), evidencia a retomada desigual no bloco europeu e, logo,
serve de combustível às dúvidas sobre o ritmo e a força da
recuperação econômica.
Um estudo assinado por economistas do BIS (Banco para
Compensações Internacionais,
que congrega BCs pelo mundo)
conclui que, grosso modo, a
maioria absoluta dos países
afetados deve sair da crise até o
segundo semestre do ano que
vem. A previsão é mais modesta
do que a mais corrente, que já
aponta o fim do túnel.
Preparado antes da recente
leva de dados positivos -que
podem acelerar previsões individuais de curto prazo, mas não
mudam o cenário geral-, o estudo comparou a crise atual
com outras 40 crises bancárias
sistêmicas em 35 países ao longo das últimas três décadas. E é
enfático em dizer que o que foi
vivenciado nos últimos meses é
um caso inédito, dadas, por um
lado, a interdependência das
economias e, por outro, a maior
solidez dos fundamentos.
Por causa disso, o estudo evita examinar o eventual impacto
sobre a recuperação global de
um desequilíbrio no ritmo da
retomada em cada país. Mas
oferece algum otimismo ao
permitir inferir que a tendência de crescimento da maioria
das economias após a contração indique que os problemas
subjacentes que levaram ao colapso tenham sido tratados até
lá.
O caso espanhol é talvez o
mais emblemático da discrepância entre as grandes economias europeias. Enquanto
França e Alemanha cresceram
de abril a junho e o governo alemão divulga melhoras em índices de consumo e produção, Espanha e Reino Unido ficam para trás a cada novo dado, com
consequências na chamada
economia real que podem retardar ainda mais a retomada.
No intervalo de um ano, a Espanha cortou 1,3 milhão de vagas -um recuo de 7,1% no emprego. Já o Reino Unido anunciou que os investimentos das
empresas caíram 18,4% no segundo trimestre, a maior queda
na série iniciada em 1966.
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