São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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Queda do PIB espanhol é maior que a prevista

Retomada desigual das economias europeias coloca dúvidas sobre força e ritmo da recuperação do bloco

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A economia espanhola recuou 4,2% no segundo trimestre do ano na comparação com 2008-o pior índice desde 1970- e manteve a trajetória de recessão, com uma queda de 1,1% sobre os primeiros três meses deste ano. A queda foi ainda mais acentuada que a estimativa inicial: de 4,1%, ante o segundo trimestre do ano passado, e de 1%, em relação a janeiro a março deste ano.
O recuo, embora tenha se desacelerado em relação ao primeiro trimestre (quando caiu 1,6%), evidencia a retomada desigual no bloco europeu e, logo, serve de combustível às dúvidas sobre o ritmo e a força da recuperação econômica.
Um estudo assinado por economistas do BIS (Banco para Compensações Internacionais, que congrega BCs pelo mundo) conclui que, grosso modo, a maioria absoluta dos países afetados deve sair da crise até o segundo semestre do ano que vem. A previsão é mais modesta do que a mais corrente, que já aponta o fim do túnel.
Preparado antes da recente leva de dados positivos -que podem acelerar previsões individuais de curto prazo, mas não mudam o cenário geral-, o estudo comparou a crise atual com outras 40 crises bancárias sistêmicas em 35 países ao longo das últimas três décadas. E é enfático em dizer que o que foi vivenciado nos últimos meses é um caso inédito, dadas, por um lado, a interdependência das economias e, por outro, a maior solidez dos fundamentos.
Por causa disso, o estudo evita examinar o eventual impacto sobre a recuperação global de um desequilíbrio no ritmo da retomada em cada país. Mas oferece algum otimismo ao permitir inferir que a tendência de crescimento da maioria das economias após a contração indique que os problemas subjacentes que levaram ao colapso tenham sido tratados até lá.
O caso espanhol é talvez o mais emblemático da discrepância entre as grandes economias europeias. Enquanto França e Alemanha cresceram de abril a junho e o governo alemão divulga melhoras em índices de consumo e produção, Espanha e Reino Unido ficam para trás a cada novo dado, com consequências na chamada economia real que podem retardar ainda mais a retomada.
No intervalo de um ano, a Espanha cortou 1,3 milhão de vagas -um recuo de 7,1% no emprego. Já o Reino Unido anunciou que os investimentos das empresas caíram 18,4% no segundo trimestre, a maior queda na série iniciada em 1966.


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