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CONSUMO
Compras feitas pelo crediário têm queda em setembro só comparável às registradas logo após a máxi, em 1999
Vendas a prazo têm o maior recuo do ano
JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio paulista registrou
neste mês, como em nenhum outro deste ano, os efeitos da crise.
As vendas a prazo começam a ter
recuos só comparáveis aos registrados durante a crise da desvalorização do real, no primeiro trimestre de 1999.
O número de consultas ao SPC
(Serviço de Proteção ao Crédito),
principal termômetro das compras no crediário, caiu 4,6% até
ontem, diz a Associação Comercial de São Paulo. A comparação é
com o mesmo período do ano
passado. Em relação a agosto, a
queda passa de 10%.
"Os últimos acontecimentos
nos EUA e na economia do país só
pioraram um cenário que já era
desfavorável", avalia Alencar Burti, presidente da ACSP.
As compras no crediário têm
valor médio superior ao daquelas
feitas à vista -R$ 300, contra R$
40. Servem como indicador do nível de confiança da população na
economia do país -ninguém
quer se comprometer a longo prazo ante a expectativa de alta do
desemprego e de queda na renda.
Em janeiro deste ano, quando
ainda eram róseas as perspectivas
para a economia do país, o número de consultas ao SPC teve aumento de 25% na comparação
com o mesmo mês de 2000.
Fábio Pina, economista da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de São Paulo), diz que os
efeitos da nova crise mundial no
comportamento do consumidor
se tornam cada vez mais claros.
"Só não sabemos ainda qual será
toda a magnitude disso", explica.
Os números levantados pela Fecomércio serão divulgados na primeira quinzena de outubro.
Setores
Até o final deste mês, mesmo
descontando o efeito calendário
(menor número de dias úteis do
mês, o que pode criar distorções),
as consultas ao SPC devem fechar
com queda de 5% na comparação
com 2000, prevê Emílio Alfieri,
economista da ACSP.
Neste ano, mesmo com toda a
sucessão de crises, somente o mês
de junho havia registrado queda
no número de consultas ao SPC.
O recuo foi de 1,6%.
Desde o começo de 99, quando
o país viveu o efeito da máxi, o número de consultas ao SPC não recuava tanto. Em fevereiro daquele
ano, a queda chegou a 9,4%. Em
março, a 7,3%, e, em abril, a
13,4%. Depois, em maio daquele
ano, o número de consultas voltou a ter crescimento. A tendência
persistiu em 2000.
Com a retração das vendas a
prazo, setores como o de automóveis, eletroeletrônicos e móveis
costumam ser os mais atingidos.
"É possível que segmentos como
o de vestuário, o de calçados e o de
brinquedos sejam menos afetados por causa da chegada da coleção primavera/verão e da proximidade do Dia das Crianças",
avalia Alfieri.
A fabricante de brinquedos Estrela ainda espera aumentar as
vendas em 15% neste ano. No caso específico do setor de brinquedos, a disparada do dólar desfavorece a compra de produtos importados.
Mesmo com uma razão concreta para incrementar a venda de
brinquedos, há quem pondere
que o humor do consumidor já
possa ter sido atingido o bastante.
"Podemos até registrar queda nas
vendas no Dia das Crianças, mesmo que pequena", afirma Burti.
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