São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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Mesmo com crise, BNDES deve emprestar R$ 30 bi

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Apesar de toda a crise, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá quebrar neste ano mais um recorde no total de financiamentos para investimentos. Nos primeiros nove meses deste ano, o banco já emprestou um total de R$ 25 bilhões, número um pouco menor que o recorde de R$ 26,6 bilhões, registrado em 2001.
A previsão é que o total de desembolsos do BNDES neste ano chegue a R$ 30 bilhões, segundo o vice-presidente do banco, Isac Zagury.
O vice-presidente do BNDES afirma que o banco terá dinheiro suficiente para cobrir essa previsão de desembolsos. O orçamento do banco previa liberações de R$ 28 bilhões, mas recentemente foi engordado com os R$ 2 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para exportação.
O BNDES já liberou até agora R$ 500 milhões dessas novas linhas, que foram criadas para cobrir a falta de crédito para exportação.
Os números do BNDES mostram também que as prioridades da economia brasileira mudaram neste ano. Os setores que mais têm tomado recursos são aqueles voltados para exportação e para o agronegócio.
Para Isac Zagury, os números do BNDES mostram que o lado real da economia continua bem, apesar de todo o pessimismo. "Os números do BNDES são um termômetro importante do lado real da economia", diz Zagury.
Para ele, os financiamentos do BNDES mostram que o que o câmbio vive uma situação irreal. Em sua opinião, a subida do dólar não tem nada a ver com a realidade e irá se sustentar por muito tempo.
O vice-presidente do BNDES acha que foi criada uma megabolha na economia com a alta do dólar, e que essa bolha irá explodir em pouco tempo.
Ele compara essa situação à bolha que aconteceu recentemente com as empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Elas também subiram de forma artificial e depois desabaram. "Com o dólar, vai acontecer a mesma coisa", diz.
O vice-presidente do BNDES diz que, quando essa megabolha estourar, aqueles que estiverem comprando dólar agora, nesse momento de alta, vão perder dinheiro. "Os espertos que começaram este movimento já terão saído do mercado", diz Zagury.
Apesar do número recorde de desembolsos do BNDES, Zagury prevê um crescimento da economia brasileira neste ano entre 1% e 1,5%. Ele não acha um número ruim, se for levado em conta o desaquecimento que ocorre nos Estados Unidos, no Japão e na União Européia. Em todas essas regiões, as perspectivas de crescimento também são muito baixas.
O comércio mundial, segundo Zagury, também sofreu muito este ano e deve registrar uma nova queda, depois de dois anos seguidos de baixa. A sua previsão é de um encolhimento de 1% no comércio neste ano.


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