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Mesmo com crise, BNDES deve emprestar R$ 30 bi
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Apesar de toda a crise, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá
quebrar neste ano mais um recorde no total de financiamentos para investimentos. Nos primeiros
nove meses deste ano, o banco já
emprestou um total de R$ 25 bilhões, número um pouco menor
que o recorde de R$ 26,6 bilhões,
registrado em 2001.
A previsão é que o total de desembolsos do BNDES neste ano
chegue a R$ 30 bilhões, segundo o
vice-presidente do banco, Isac Zagury.
O vice-presidente do BNDES
afirma que o banco terá dinheiro
suficiente para cobrir essa previsão de desembolsos. O orçamento
do banco previa liberações de R$
28 bilhões, mas recentemente foi
engordado com os R$ 2 bilhões
do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador) para exportação.
O BNDES já liberou até agora
R$ 500 milhões dessas novas linhas, que foram criadas para cobrir a falta de crédito para exportação.
Os números do BNDES mostram também que as prioridades
da economia brasileira mudaram
neste ano. Os setores que mais
têm tomado recursos são aqueles
voltados para exportação e para o
agronegócio.
Para Isac Zagury, os números
do BNDES mostram que o lado
real da economia continua bem,
apesar de todo o pessimismo. "Os
números do BNDES são um termômetro importante do lado real
da economia", diz Zagury.
Para ele, os financiamentos do
BNDES mostram que o que o
câmbio vive uma situação irreal.
Em sua opinião, a subida do dólar
não tem nada a ver com a realidade e irá se sustentar por muito
tempo.
O vice-presidente do BNDES
acha que foi criada uma megabolha na economia com a alta do dólar, e que essa bolha irá explodir
em pouco tempo.
Ele compara essa situação à bolha que aconteceu recentemente
com as empresas de tecnologia
nos Estados Unidos. Elas também
subiram de forma artificial e depois desabaram. "Com o dólar,
vai acontecer a mesma coisa", diz.
O vice-presidente do BNDES
diz que, quando essa megabolha
estourar, aqueles que estiverem
comprando dólar agora, nesse
momento de alta, vão perder dinheiro. "Os espertos que começaram este movimento já terão saído do mercado", diz Zagury.
Apesar do número recorde de
desembolsos do BNDES, Zagury
prevê um crescimento da economia brasileira neste ano entre 1%
e 1,5%. Ele não acha um número
ruim, se for levado em conta o desaquecimento que ocorre nos Estados Unidos, no Japão e na
União Européia. Em todas essas
regiões, as perspectivas de crescimento também são muito baixas.
O comércio mundial, segundo
Zagury, também sofreu muito este ano e deve registrar uma nova
queda, depois de dois anos seguidos de baixa. A sua previsão é de
um encolhimento de 1% no comércio neste ano.
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