São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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COMÉRCIO EXTERIOR

Balança registra superávit recorde de US$ 24,9 bi no ano; importações também são as maiores da história

Saldo comercial já supera o de 2003 inteiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda faltam mais de três meses para o ano terminar, mas o saldo comercial de 2004 já é maior do que o registrado ao longo de 2003. Com o resultado da semana passada, as exportações superaram as importações em US$ 24,888 bilhões. No final do ano passado, o saldo foi de US$ 24,824 bilhões, um recorde histórico.
Em relação ao mesmo período de 2003 (janeiro à quarta semana de setembro), houve um aumento de 41,87% no superávit. No ano passado, em idêntico período, o saldo comercial estava em US$ 17,543 bilhões. A meta do Ministério do Desenvolvimento é chegar em dezembro com um superávit de US$ 32 bilhões.
O desempenho acima do esperado das exportações garante o saldo comercial recorde, mesmo num ano em que as importações já são as maiores da história. Além de o Brasil ter sido favorecido pelo aumento nos preços de algumas de suas commodities, como soja e aço, as exportações de alguns setores, como o automobilístico, superaram as expectativas do governo.
Ao contrário do que previa o próprio Ministério do Desenvolvimento, as exportações crescem mais rapidamente do que as importações. Desde janeiro, o país vendeu para o exterior US$ 68,807 bilhões, um crescimento de 32% em relação a igual período do ano passado, quando as exportações somaram US$ 52,124 bilhões. O total exportado em 2003 foi de US$ 73,084 bilhões. A meta para este ano é chegar a US$ 94 bilhões.

Importações recordes
Mas não são apenas as exportações que batem recordes. Com a retomada do crescimento econômico, as importações também superaram os recordes anteriores. O país depende da compra de insumos e de máquinas e equipamentos importados para aumentar a sua própria produção.
Do início do ano até a semana passada, o país importou US$ 43,919 bilhões, 27% a mais que em igual período de 2003. É o maior valor já registrado para os primeiros nove meses de um ano, apesar de setembro ainda não ter fechado. O recorde anterior era de 1997 -US$ 43,534 bilhões. O Ministério do Desenvolvimento estima que o país vá importar neste ano US$ 62 bilhões.
Em setembro o comportamento da balança não mudou, apesar das importações terem se acelerado. Neste mês, o país já vendeu US$ 7,452 bilhões ou US$ 438,4 milhões por dia útil. A média diária de vendas é 32,5% maior do que a registrada em setembro do ano passado.
A média diária de compras, por sua vez, teve um crescimento de 26,5%. Estão em US$ 265,5 milhões. É o maior volume diário de compras do ano. No total, o país já comprou neste mês US$ 4,513 bilhões. O saldo está em US$ 2,939 bilhões.

Recorde total
Ao que tudo indica, o país vai fechar o ano com a quebra de três recordes -o das exportações, o das importações e o do saldo comercial.
A meta de o país chegar a exportar US$ 100 bilhões em um ano, que foi lançada ainda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e retomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não ficará tão longe de ser alcançada.
No próximo ano, no entanto, existe pelo menos um fator negativo para a balança comercial -os preços de algumas commodities agrícolas, principalmente da soja, não estarão no mesmo patamar deste ano.
(ANDRÉ SOLIANI)


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