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ARTIGO
EUA perdem até US$ 20 bilhões com paraíso fiscal
LYNNLEY BROWNING
DO "NEW YORK TIMES"
As maiores empresas dos
EUA cada vez mais canalizam lucros realizados no país para paraísos fiscais em todo o mundo, o que priva o Tesouro norte-americano de entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões em arrecadação potencial a cada ano, segundo novo estudo.
O trabalho, que será publicado
hoje na revista especializada "Tax
Notes", diz que as empresas multinacionais norte-americanas
transferiram US$ 75 bilhões em
lucros realizados nos EUA, em
2003, para paraísos fiscais como
as Bermudas e a Irlanda.
Martin A. Sullivan, autor do estudo, disse que lacunas na legislação e créditos fiscais poderiam
significar que, em teoria, o governo dos EUA não tivesse imposto a
receber sobre a receita transferida. Mas ele concluiu que o mais
provável é que essa transferência
resulte em perdas tributárias
anuais entre US$ 10 bilhões e US$
20 bilhões, para os cofres públicos
federais. Ele afirmou que pelo menos parte das transferências acontece por meio de paraísos fiscais
questionáveis.
Em outro estudo, publicado por
"Tax Notes" no começo do mês,
Sullivan concluiu que os lucros
reportados pelas multinacionais
norte-americanas de suas subsidiárias externas, e não das operações localizadas nos EUA, subiram 68% de 1999 para cá e atingiram US$ 149 bilhões no ano passado. O estudo anterior alegava
que a alta nos lucros auferidos no
exterior não fora acompanhada
por nenhuma elevação real na atividade econômica nos territórios
dos paraísos fiscais, o que sugere
que as multinacionais estão cada
vez mais usando abrigos tributários externos para proteger seus
lucros contra os impostos.
As estimativas de transferência
externa de lucros e de perdas tributárias correlatas se baseiam em
receitas geradas nos EUA por empresas multinacionais norte-americanas, excluídas as receitas geradas pelas subsidiárias dessas empresas em outros países, de alíquotas tributárias mais baixas.
Sob as leis fiscais vigentes nos
EUA, as empresas norte-americanas podem retardar o pagamento
de impostos sobre lucros gerados
no exterior enquanto os fundos
envolvidos não forem transferidos de volta ao território do país.
Um estudo atualizado do JP Morgan, conduzido em junho de
2003, diz que os US$ 650 bilhões
retidos fora do país por corporações como a Exxon Mobil e a General Electric estavam esperando
em contas para repatriação aos
EUA, caso seja aprovado um projeto de lei que reduz a alíquota tributária que incidiria sobre eles.
O novo estudo de Sullivan não
menciona nenhuma empresa. O
autor citara a indústria farmacêutica, no passado, como uma das
maiores responsáveis por transferência de lucros para paraísos fiscais no exterior, mas no novo trabalho ele alega que outros setores
vêm agindo da mesma maneira.
O estudo do JP Morgan Chase diz
que o setor industrial nos EUA
responde por 41% dos lucros que
não são repatriados.
Farmacêuticas
Nos seus documentos contábeis
públicos, as empresas freqüentemente demonstram pouca clareza quanto à porcentagem de seus
lucros que deriva de operações estrangeiras e quase nunca discutem a transferência de lucros.
Por exemplo, a Pfizer, gigante
do setor farmacêutico, anunciou
em seu balanço anual de 2003
que, no final do ano passado, não
realizara provisões fiscais nos
EUA para um total estipulado por
ela em US$ 38 bilhões de lucros
não remetidos pelas suas subsidiárias internacionais. Não estava
claro se o dinheiro tinha sido ganho pelas subsidiárias internacionais ou por operações da Pfizer
nos EUA e depois transferido ao
exterior para fins tributários.
Algumas empresas norte-americanas argumentam que os impostos pagos pelas corporações
do país são elevados demais e que
alguns dos lucros retidos no exterior são canalizados legitimamente para operações nos locais de
depósito, aumentando o vigor financeiro e propiciando mais valor para os acionistas.
Tradução de Paulo Migliacci
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