São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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Inflação recua e Fipe revê taxa do mês para baixo

DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A taxa de inflação surpreendeu nesta semana na cidade de São Paulo, recuando mais do que o previsto. A forte queda fez a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) reavaliar a inflação deste mês para 0,35%. A estimativa anterior era de 0,40%. Nos últimos 30 dias, os preços subiram 0,32% para os paulistanos, taxa bem inferior ao 1,03% de há um mês. A taxa divulgada ontem foi a menor das últimas 19 semanas.
Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que três itens foram responsáveis por essa desaceleração: tarifas públicas, alimentos "in natura" e remédios.
A desaceleração da pressão das tarifas públicas já era prevista e seguiu um ritmo normal, segundo Picchetti. A novidade ficou por conta dos alimentos "in natura", que recuaram além do previsto. O coordenador do IPC diz que, com a queda de oferta desses produtos no início do segundo semestre, os preços subiram muito. Os bons preços atraíram novos produtores, o que permitiu o aumento da oferta e a redução dos preços.
Outro item que surpreendeu foi o de remédios. O setor exagerou na dose de aumento no final do primeiro semestre e agora foi obrigado a fazer promoções em praticamente todos os tipos de medicamentos. "Isso prova que a reposição de renda não está tão forte assim, já que os remédios são produtos de primeira necessidade para os consumidores", diz.
Entre as pressões na semana, as maiores ficaram para os produtos industrializados, diz Picchetti. Esse setor, devido à maior oferta de crédito, teve aumento de 0,39%, acima da taxa média da inflação. Esses produtos vão determinar o comportamento da inflação até o final do ano, diz o economista da Fipe, já que as pressões dos preços administrados será pequena.
A pressão dos administrados virá da recomposição das tarifas de telefones de 2003, quando deveria ter sido aplicado o IGP na correção, mas foi utilizado o IPCA, com taxa menor.

Previsão do mercado
A taxa básica de juros (Selic) deve fechar o ano em um nível mais alto dos que as previsões anteriores do mercado, segundo pesquisa feita pelo Banco Central com analistas do mercado. Pela pesquisa, a taxa, hoje em 16,25% ao ano, fechará 2004 em 17%. A previsão da semana passada era 16,75%. A projeção para taxa média também subiu, de 16,20% para 16,25% ao longo do ano.
O mercado estima ainda que o crescimento da economia será de 4,47% em 2004. O percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) é maior do que a estimativa feita semana passada, quando o mercado previa crescimento de 4,36% em 2004.
Apesar de a expectativa de crescimento da economia ter aumentado, a projeção para inflação em 2004, medida pelo IPCA (índice oficial do governo, usado para aferir o cumprimento das metas de inflação), diminuiu. Agora, o financeiro espera que o IPCA feche o ano em 7,34%. Na avaliação da semana passada, esse percentual era de 7,37%. A meta de inflação deste ano é de 5,5%, com variação de 2,5 pontos percentuais.


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