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BATE E ASSOPRA
Segundo o Iedi, medidas anunciadas pelo governo só reduzem em 5% custo de investimento e são insuficientes
Para empresários, incentivo fiscal não basta
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O pacote de incentivos ao setor
produtivo anunciado pelo governo na semana passada, batizado
de "Investe Já", irá reduzir em no
máximo 5% o custo do investimento na economia, segundo o
Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
A proposta de medidas tributárias dos empresários ao governo
previa corte de 20% nesse valor.
Segundo o economista Júlio
Sérgio Gomes de Almeida, diretor
do Iedi, o pacote "Investe Já" não
será suficiente para estimular os
investimentos que o país necessita. "A redução de 5% é boa, mas
não é capaz de alavancar novos
investimentos", diz ele.
De acordo com Gomes de Almeida, os empresários esperavam
que o governo tomasse medidas
mais audaciosas para incentivar
os investimentos na economia
diante da sobra de recursos que o
aumento da carga tributária vem
proporcionando neste ano.
O "Investe Já" consiste em duas
medidas. A primeira permite a
depreciação acelerada para máquinas e equipamentos (o prazo
de depreciação passa de 10 para 5
anos). Segundo o Iedi, esse incentivo representará uma redução de
3,5% no custo do investimento.
A segunda foi a redução de quatro para dois anos no prazo de devolução do PIS/Cofins cobrado
sobre a compra de bens de capital.
Para o Iedi, essa medida representará uma redução no custo de investimento de cerca de 1%.
O documento encaminhado pelos empresários ao ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
era mais abrangente. A proposta
consistia em três pontos: recuperação integral e imediata do crédito do PIS/Cofins de máquinas e
equipamentos e dos gastos realizados em obras; depreciação acelerada pelo triplo da taxa usualmente utilizada para investimentos realizados até o fim de 2005
em máquinas, equipamentos e
gastos realizados em obras para
ampliação do ativo operacional
das empresas; e redução de quatro pontos percentuais da TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo)
para projetos aprovados pelo
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também até 31/12/2005.
Segundo Gomes de Almeida, se
essas medidas fossem adotadas
pelo governo o investimento poderia sofrer uma redução em até
20% sobre o custo total. "Aí sim
seria, sem dúvida, um significativo incentivo ao investimento produtivo de longo prazo na economia, capaz de reduzir efetivamente a desvantagem com relação ao
incentivo que é conferido ao investimento financeiro no país."
De acordo com Gomes de Almeida, mesmo se somado o "pacote de bondades" das 14 medidas
já tomadas pelo governo para incentivo ao investimento, ainda assim o país necessita de mais incentivos para alavancar novos investimentos. Entre outras medidas, o "pacote de bondades" consistiu em redução do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
sobre bens de capital, extensão do
prazo pra recolhimento do IPI,
programa de isenções fiscais para
investimentos em portos e redução do IR (Imposto de Renda) em
aplicações de longo prazo.
Segundo o governo, o "pacote
de bondades" representa uma renúncia de arrecadação de de R$ 3
bilhões anuais. A renúncia do "Investe Já" foi calculada pelo governo em R$ 1,7 bilhão. Para Gomes
de Almeida, esse total ainda está
longe de preencher o aumento de
arrecadação proporcionado pelas
mudanças na Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).
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