São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amorim se diz otimista sobre acordo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
DA REDAÇÃO

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem que esperava uma oferta simultânea da UE (União Européia) à que foi apresentada pelo Mercosul na sexta-feira e que não enxerga onde a proposta do bloco sul-americano pode melhorar mais.
Classificando-se como "escandalosamente otimista", o ministro afirmou que trabalha para fechar um acordo até o dia 31 de outubro, quando acaba o mandato da atual comissão européia (que ocupam cargos que seriam equivalentes aos de ministros).
Ele disse, porém, que, se isso não acontecer, não será "uma tragédia" nem que os dois blocos precisarão de mais dois ou três anos para concluir as negociações, como afirmam alguns especialistas em comércio exterior.
Para Amorim, a conclusão do acordo agora depende da proposta dos europeus. Ele espera que seja uma oferta bem ampla, incluindo álcool, carne e outros produtos agropecuários -que são sensíveis à UE.
Em Bruxelas, a porta-voz para o Comércio da UE, a espanhola Arancha González, elogiou a iniciativa do Mercosul de enviar a proposta antecipadamente.
"É um bom sinal do comprometimento do Mercosul com as negociações e, como tal, nós a felicitamos", disse González.
Embora tenha dito que a oferta européia deve ter o mesmo nível de ambição que a do Mercosul, ela não quis dar detalhes sobre como a proposta do bloco sul-americanos foi recebida, destacando que a oferta ainda estava em estudo.
Amorim disse ainda que a proposta do Mercosul atendeu a todos os pleitos da UE e que não enxerga espaço para melhorar a oferta do bloco sul-americano.
"Vamos ver agora se há uma correspondência da parte deles", afirmou o ministro após participar de seminário no Rio em homenagem aos 40 anos da morte do ministro San Tiago Dantas (Fazenda e Relações Exteriores), promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Segundo ele, apesar de algumas condicionantes, o Mercosul incluiu na sua oferta serviços financeiros e compras governamentais, nas quais os europeus terão preferência. Uma abertura comercial nessas duas áreas é um dos principais pleitos da UE.
Além disso, a oferta do Mercosul abrange ainda 90% dos produtos manufaturados, outra reivindicação dos europeus.
Apesar de se dizer otimista, Amorim disse que não ficará surpreso se um acordo não for fechado. "Se a oferta do outro lado for suficientemente atraente e apetitosa, faremos um esforço adicional. Mas não sei se conseguiremos. Não depende só de nós."
De acordo com o ministro, o bloco europeu deve apresentar sua oferta entre hoje ou amanhã. A informação, segundo Amorim, foi dada pelo principal negociador europeu, o comissário de Comércio, Pascal Lamy.
Na avaliação de Amorim, caso o acordo não seja concluído até 31 de outubro, as negociações com a futura comissão européia serão boas. Isso porque, afirmou, o novo presidente da comissão, o português Durão Barroso, foi um dos idealizadores da união UE-Mercosul quando era ministro de Relações Exteriores do seu país.
Os dois blocos consideram agendar uma reunião ministerial em 20 de outubro, mas ela dependerá do andamento das negociações, afirmou González.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Negociações: Mercosul condiciona concessão à UE a ganho
Próximo Texto:
Agrofolha
Lula não pretende liberar transgênico por MP

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.