|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Amorim se diz otimista sobre acordo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
DA REDAÇÃO
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem
que esperava uma oferta simultânea da UE (União Européia) à que
foi apresentada pelo Mercosul na
sexta-feira e que não enxerga onde a proposta do bloco sul-americano pode melhorar mais.
Classificando-se como "escandalosamente otimista", o ministro afirmou que trabalha para fechar um acordo até o dia 31 de outubro, quando acaba o mandato
da atual comissão européia (que
ocupam cargos que seriam equivalentes aos de ministros).
Ele disse, porém, que, se isso
não acontecer, não será "uma tragédia" nem que os dois blocos
precisarão de mais dois ou três
anos para concluir as negociações, como afirmam alguns especialistas em comércio exterior.
Para Amorim, a conclusão do
acordo agora depende da proposta dos europeus. Ele espera que
seja uma oferta bem ampla, incluindo álcool, carne e outros
produtos agropecuários -que
são sensíveis à UE.
Em Bruxelas, a porta-voz para o
Comércio da UE, a espanhola
Arancha González, elogiou a iniciativa do Mercosul de enviar a
proposta antecipadamente.
"É um bom sinal do comprometimento do Mercosul com as
negociações e, como tal, nós a felicitamos", disse González.
Embora tenha dito que a oferta
européia deve ter o mesmo nível
de ambição que a do Mercosul, ela
não quis dar detalhes sobre como
a proposta do bloco sul-americanos foi recebida, destacando que a
oferta ainda estava em estudo.
Amorim disse ainda que a proposta do Mercosul atendeu a todos os pleitos da UE e que não enxerga espaço para melhorar a
oferta do bloco sul-americano.
"Vamos ver agora se há uma
correspondência da parte deles",
afirmou o ministro após participar de seminário no Rio em homenagem aos 40 anos da morte
do ministro San Tiago Dantas
(Fazenda e Relações Exteriores),
promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Segundo ele, apesar de algumas
condicionantes, o Mercosul incluiu na sua oferta serviços financeiros e compras governamentais,
nas quais os europeus terão preferência. Uma abertura comercial
nessas duas áreas é um dos principais pleitos da UE.
Além disso, a oferta do Mercosul abrange ainda 90% dos produtos manufaturados, outra reivindicação dos europeus.
Apesar de se dizer otimista,
Amorim disse que não ficará surpreso se um acordo não for fechado. "Se a oferta do outro lado for
suficientemente atraente e apetitosa, faremos um esforço adicional. Mas não sei se conseguiremos. Não depende só de nós."
De acordo com o ministro, o
bloco europeu deve apresentar
sua oferta entre hoje ou amanhã.
A informação, segundo Amorim,
foi dada pelo principal negociador europeu, o comissário de Comércio, Pascal Lamy.
Na avaliação de Amorim, caso o
acordo não seja concluído até 31
de outubro, as negociações com a
futura comissão européia serão
boas. Isso porque, afirmou, o novo presidente da comissão, o português Durão Barroso, foi um dos
idealizadores da união UE-Mercosul quando era ministro de Relações Exteriores do seu país.
Os dois blocos consideram
agendar uma reunião ministerial
em 20 de outubro, mas ela dependerá do andamento das negociações, afirmou González.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Negociações: Mercosul condiciona concessão à UE a ganho Próximo Texto: Agrofolha Lula não pretende liberar transgênico por MP Índice
|