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NEGOCIAÇÕES
Bloco sul-americano quer crescimento de exportações agrícolas para a Europa, que pretende impor cotas
Mercosul condiciona concessão à UE a ganho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Mercosul condicionou as novas concessões que fez à União
Européia para a criação de um
área de livre comércio entre os
dois blocos a uma garantia que a
proposta melhorada dos europeus vá possibilitar um crescimento das exportações agrícolas
do Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai.
O Mercosul está preocupado
com as limitações de cotas que a
Europa quer impor a produtos da
região.
A nova proposta do Mercosul,
entregue na sexta à noite, também
expira no dia 31 de outubro, data
na qual, se tudo correr bem, os
dois blocos vão assinar o maior
acordo de livre comércio da história.
Caso as negociações fracassem,
os países do Mercosul não querem reiniciar as conversas com a
Europa em 2005 a partir dessa
proposta, considerada com concessões muitos amplas. No caso
de fracasso, as negociações terão
de ser feitas com os novos comissários da União Européia que assumirão em novembro.
"A oferta é válida na medida em
que sejam atendidas essas condicionalidades", afirmou à Folha o
principal negociador brasileiro
com a União Européia, embaixador Regis Arslanian. Outra condição é a facilitação para cidadãos
do Mercosul prestarem determinados serviços na Europa.
Segundo o embaixador, o Mercosul fez concessões nas áreas
consideradas prioritárias para os
europeus -serviços, investimentos, compras governamentais e
denominações geográficas (marcas de produtos regionais). A nova oferta também ampliou para
90,6% o total de volume de comércio que seria beneficiado por
reduções tarifárias. Essa também
era uma exigência da UE.
"Entregamos a proposta. Fizemos a nossa parte. Agora esperamos que a Europa faça a parte dela", disse Arslanian.
De acordo com o chefe da Seção
Econômica da Missão Européia
no Brasil, Jorge Aznar, a oferta
melhorada da UE deve ser entregue amanhã. A meta é ter uma
reunião definitiva no final de outubro para assinar o acordo.
Surpresa
A própria UE ficou surpresa em
receber a nova oferta do Mercosul
na semana passada. "A princípio
seria uma troca simultânea de
ofertas. Eles mandaram sem avisar. Foi um pouco surpresa", disse Aznar.
A penúltima reunião técnica entre os dois lados fracassou justamente porque a Europa não queria entregar uma oferta completa.
Foi apenas na primeira quinzena
deste mês, após uma visita de comissário de Comércio da União
Européia, Pascal Lamy, a Brasília,
que os europeus aceitaram trocar
ofertas completas.
O acerto original previa que as
ofertas seriam entregues na semana passada. Mas, por volta de
quarta-feira, os europeus avisaram que teriam dificuldades para
completar suas novas concessões
dentro do prazo.
Mesmo assim, o Mercosul preferiu enviar a sua oferta, para sinalizar o seu empenho em concluir as negociações dentro do
prazo estipulado.
No novo documento, o Brasil
aceita dar preferência à União Européia nas compras governamentais. Os europeus poderão ganhar
as concorrências públicas internacionais mesmo que apresentem um preço até 3% acima do de
outros concorrentes. A primeira
preferência, no entanto, fica para
países do Mercosul.
Em meados do ano, a União Européia apresentara uma proposta
de ampliação de cotas para aquisição de produtos agrícolas dos
países do Cone Sul. A oferta havia
sido considerada boa, mas depois
foi elucidado que a liberalização
ocorreria paulatinamente num
prazo de dez anos.
Apesar de os europeus defenderem que o prazo mais longo já
constava da proposta original, os
negociadores sul-americanos negaram.
(AS)
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