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Bancários recusam proposta e ameaçam com novas greves
Sindicato nega que greve
siga calendário eleitoral; bancos ofereceram 2% de reajuste salarial, além de participação nos lucros
Oposição sindical diz que paralisação só deve ocorrer após eleição para não atrapalhar o
presidente Lula
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comando Nacional dos
Bancários, formado para representar a categoria nas negociações salariais deste ano, rejeitou ontem a proposta de 2% de
reajuste feita pela Fenaban
(Federação Nacional dos Bancos) e marcou assembléia na
próxima quarta-feira para votar greve por tempo indeterminado a partir de quinta, dia 5.
Segundo integrantes da oposição bancária, ligada à Conlutas, a paralisação foi marcada
para depois do primeiro turno
da disputa eleitoral, que ocorre
no domingo, para não "atrapalhar" a tentativa de reeleger o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT) nega
que a data tenha sido definida
em razão das eleições.
"A campanha salarial dos
bancários coincide e sempre
coincidiu com o período de
eleições. No ano passado, por
exemplo, fizemos uma greve de
seis dias, que foi iniciada no dia
6 de outubro. Quem antecipou
o primeiro turno de novembro
para outubro não fomos nós, foi
a Justiça Eleitoral", afirma Luiz
Cláudio Marcolino, presidente
do sindicato.
"A paralisação foi agendada
para o dia 5 porque queremos
retomar as negociações e tentar chegar a um acordo melhor", diz. Na noite de ontem,
os sindicalistas enviaram carta
aos bancos pedindo nova reunião para retomar as negociações a partir de segunda-feira.
Contrariando orientação do
comando nacional de greve,
bancários de três capitais -Rio
(RJ), Florianópolis (SC), Salvador (BA)- e do Estado do Maranhão decidiram entrar em
greve por tempo indeterminado a partir de hoje. Até o fechamento desta edição, estavam
em assembléia, para votar a paralisação, funcionários do Pernambuco, Rio Grande do Norte
e Espírito Santo.
Em algumas dessas sete regiões, os bancários mantêm
greve desde terça-feira, quando
ocorreu uma paralisação por 24
horas, segundo a Confederação
Nacional dos Trabalhadores do
Ramo Financeiro da CUT.
A Fenaban propôs, além de
reajuste de 2%, participação
nos lucros e resultados de 80%
do salário mais R$ 816 fixos,
mesmo valor pago em 2005, segundo os sindicalistas. As instituições financeiras, que tiveram crescimento do lucro líquido de 25% sobre o valor verificado no ano passado, pagariam
um extra na PLR de R$ 500.
"A proposta é insuficiente. O
reajuste não repõe nem sequer
a inflação do período, que é de
2,85%, e não tem aumento real
[os bancários pedem 7,05%,
além da reposição integral da
inflação]", diz Marcolino.
"Não se pode confundir salário coletivo com lucratividade,
que é paga em forma de PLR.
Conceder aumento real significa aumentar o custo fixo dos
bancos", afirma Magnus Apostólico, coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban.
Ele diz que as negociações
não estão interrompidas, mas
criticou os bancários por fazerem greve um dia antes de reunião marcada para negociar.
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