São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Bancários recusam proposta e ameaçam com novas greves

Sindicato nega que greve siga calendário eleitoral; bancos ofereceram 2% de reajuste salarial, além de participação nos lucros

Oposição sindical diz que paralisação só deve ocorrer após eleição para não atrapalhar o presidente Lula


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comando Nacional dos Bancários, formado para representar a categoria nas negociações salariais deste ano, rejeitou ontem a proposta de 2% de reajuste feita pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e marcou assembléia na próxima quarta-feira para votar greve por tempo indeterminado a partir de quinta, dia 5.
Segundo integrantes da oposição bancária, ligada à Conlutas, a paralisação foi marcada para depois do primeiro turno da disputa eleitoral, que ocorre no domingo, para não "atrapalhar" a tentativa de reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT) nega que a data tenha sido definida em razão das eleições.
"A campanha salarial dos bancários coincide e sempre coincidiu com o período de eleições. No ano passado, por exemplo, fizemos uma greve de seis dias, que foi iniciada no dia 6 de outubro. Quem antecipou o primeiro turno de novembro para outubro não fomos nós, foi a Justiça Eleitoral", afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato.
"A paralisação foi agendada para o dia 5 porque queremos retomar as negociações e tentar chegar a um acordo melhor", diz. Na noite de ontem, os sindicalistas enviaram carta aos bancos pedindo nova reunião para retomar as negociações a partir de segunda-feira.
Contrariando orientação do comando nacional de greve, bancários de três capitais -Rio (RJ), Florianópolis (SC), Salvador (BA)- e do Estado do Maranhão decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir de hoje. Até o fechamento desta edição, estavam em assembléia, para votar a paralisação, funcionários do Pernambuco, Rio Grande do Norte e Espírito Santo.
Em algumas dessas sete regiões, os bancários mantêm greve desde terça-feira, quando ocorreu uma paralisação por 24 horas, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT.
A Fenaban propôs, além de reajuste de 2%, participação nos lucros e resultados de 80% do salário mais R$ 816 fixos, mesmo valor pago em 2005, segundo os sindicalistas. As instituições financeiras, que tiveram crescimento do lucro líquido de 25% sobre o valor verificado no ano passado, pagariam um extra na PLR de R$ 500.
"A proposta é insuficiente. O reajuste não repõe nem sequer a inflação do período, que é de 2,85%, e não tem aumento real [os bancários pedem 7,05%, além da reposição integral da inflação]", diz Marcolino.
"Não se pode confundir salário coletivo com lucratividade, que é paga em forma de PLR. Conceder aumento real significa aumentar o custo fixo dos bancos", afirma Magnus Apostólico, coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban.
Ele diz que as negociações não estão interrompidas, mas criticou os bancários por fazerem greve um dia antes de reunião marcada para negociar.


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