São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Estrangeiros elevam Bolsa a 61 mil pontos

Com a entrada maciça de capital externo, Bovespa bate o quarto recorde seguido e acumula valorização de 11,7% no mês

Saldo de investimento estrangeiro neste mês já é o maior desde fevereiro de 2005; dólar chega perto da menor cotação em 7 anos

Mauricio Lima/France Presse
Negociação na BM&F de contratos com base no índice da Bovespa


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empurrada pela entrada maciça de capital externo, a Bolsa de Valores de São Paulo não encontrou dificuldades para quebrar seu quarto recorde seguido. Após operar em alta durante todo o pregão, a Bovespa acelerou seu ritmo no fim do dia e superou pela primeira vez em sua história os 61 mil pontos, ao registrar valorização de 2,24%.
Os 61.052 pontos marcados no pregão de ontem representaram o 36º recorde de fechamento da Bolsa neste ano.
A acelerada entrada de dinheiro estrangeiro na Bolsa pode ser verificada no balanço das operações das últimas semanas. Até o último dia 24, o balanço mensal dos negócios realizados pelos estrangeiros na Bovespa estava positivo em R$ 2,86 bilhões -o melhor saldo desde fevereiro de 2005.
"Os estrangeiros estão entrando muito forte no mercado. Houve uma aceleração nesse movimento após a decisão do Fed de reduzir os juros americanos", afirma André Jakurski, gestor de renda variável da Mellon Global Investments Brasil.
A Bovespa passou a se recuperar mais rapidamente depois de o Fed (o banco central dos EUA) reduzir os juros básicos do país, na semana passada, de forma mais pesada que o aguardado pela maioria do mercado. A redução da taxa de 5,25% para 4,75% anuais diminuiu a rentabilidade dos juros pagos por títulos do Tesouro dos EUA e motivou grandes investidores a migrarem para aplicações de maior risco, como forma de tentarem lucrar mais.
Em Nova York, o dia também foi de altas, mas moderadas. O índice Dow Jones subiu 0,25%, a 13.912 pontos -perto de seu recorde histórico de 14 mil pontos. A Bolsa eletrônica Nasdaq se apreciou em 0,39%.
Dentre as grandes Bolsas, destaque para a de Tóquio, que subiu ontem 2,41%.
"Os investidores têm demonstrado que voltaram a ficar com mais apetite para o risco", afirmou Marc Helder Olichon, diretor de operações da ABN Amro Real Corretora.
A valorização muito rápida da Bovespa pode acarretar movimentos de realização de lucros, que ocorrem quando os investidores vendem ações para embolsar ganhos acumulados. Movimentos desse tipo podem derrubar a Bolsa de Valores, mesmo que as expectativas sigam positivas. Ou seja, não é porque a Bolsa tem subido nos últimos dias que não pode cair nos próximos pregões.
O índice Ibovespa -que reúne as 63 ações mais negociadas- subiu 7,29% nos últimos cinco pregões. No mês, a alta é de 11,74%, e no ano, 37,28%. "Entendo que os 62 mil pontos são um nível importante, que pode motivar pequena realização de lucros. Depois disso, a Bolsa deve caminhar para 65 mil pontos", diz Olichon.
Antes de o mercado ser afetado pela crise no setor imobiliário dos Estados Unidos, que começou a afetar as Bolsas na última semana de julho, analistas avaliavam que o Ibovespa pudesse estar em torno dos 61 mil pontos apenas no fim de 2007.
A pontuação das Bolsas varia de acordo com as oscilações dos preços das ações. Em momentos de valorização dos papéis, a pontuação se eleva. Assim, um nível recorde de pontos mostra que as companhias nunca estiveram tão valorizadas. As empresas brasileiras negociadas na Bovespa representam aproximadamente R$ 2,3 trilhões.
No mercado de câmbio , a moeda americana desceu a mínimas históricas, chegando a ser negociada a R$ 1,837 durante o dia, em seu menor valor em sete anos. Mas, no final, o dólar recuou 0,22% e fechou a R$ 1,844 -menor cotação desde os R$ 1,842 de 23 de julho.


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