São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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Economista critica real valorizado

Mauricio Lima - 21.jul.04/France Presse
Negociação de contratos de dólar na BM&F; real estaria sobrevalorizado, segundo economista


RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

O economista Yoshiaki Nakano, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), disse ontem em Caxambu (MG) que a economia brasileira "ensaiou uma mudança radical na indústria, que está sendo abortada agora" por causa do real valorizado em relação ao dólar. Ontem, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,86.
"Era só o câmbio não ter caído", disse o economista durante palestra no 28º Encontro Anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), que acontece até sábado, na cidade mineira. "Ia ser irreversível. Íamos ter uma grande revolução."
Nakano não quis no entanto dizer qual seria a taxa de câmbio ideal. "Isso teria que ser feito por tentativa e erro", declarou. No Brasil, o sistema de câmbio é flutuante -determinado pela lei de oferta e da procura.
Fazendo um balanço das políticas macroeconômicas dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o economista defendeu que o país vem, desde a desvalorização cambial de 1999, mudando o seu modo de inserção na economia mundial -de uma integração quase que exclusivamente financeira, para uma estratégia de crescimento das exportações-, o que considera positivo.
Essa mudança -que parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva levou adiante- não foi completa, ele disse. "Fomos empurrados para a integração comercial, mas há outra força que segura na estratégia financeira", declarou. "A expansão comercial do Brasil nos últimos anos é uma coisa monumental."
É essa expansão que, fundada principalmente no agronegócio, ao chegar à indústria permitiria a tal "revolução". "No Brasil, ensaiou-se uma mudança radical na indústria brasileira", disse.
"Ela voltou-se para a exportação. Se você trouxer pesquisa e desenvolvimento de produtos para o Brasil, você consegue produzir mais barato."
"Esse pessoal começou a exportar", disse. Fazendo isso, afirmou, os empresários contornam ainda restrições do mercado financeiro nacional e do sistema tributário brasileiro.
A queda no valor do dólar, no entanto, ele diz, diminuiu a competitividade do país e segurou os novos investimentos que se programavam para a indústria.


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