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RETOMADA
Descontados os efeitos sazonais, indústria registra o maior resultado desde 95; aquecimento pode gerar pressão sobre preços
Uso da capacidade instalada bate recorde
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A utilização da capacidade instalada da indústria bateu recorde
em outubro, chegando a 86,1%. É
o maior resultado para um mês de
outubro desde 1976, de acordo
com dados da Sondagem da Indústria de Transformação, da
FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Descontados os efeitos sazonais
(típicos de cada período), o uso da
capacidade instalada ficou em
85,2%, o mais alto nível desde
abril de 1995, quando o indicador
havia sido de 85,4%.
O aquecimento do setor, que
pode resultar em alta de preços, é
percebido também pelo nível de
consumo detectado pelos empresários. O percentual dos que avaliam a demanda atual como "forte" chegou a 24% em outubro. O
resultado significa uma volta aos
níveis de janeiro de 1995.
Apesar dos indicadores similares à época do Plano Real, o coordenador de Pesquisas em Análises Econômicas da FGV, Aloísio
Campelo, afirma que o crescimento deverá ser mais duradouro
desta vez. "Estamos com ajustes
em várias áreas, como o ajuste fiscal, das contas externas, do balanço de pagamentos [diferentemente da época do lançamento do
Real] e ainda com inflação sob
controle. Agora temos condições
de tocar adiante o crescimento."
Na avaliação do professor da
Escola de Pós-Graduação em
Economia da FGV Samuel Pessoa, a política macroeconômica
"acertada" e a adoção do câmbio
flutuante tornaram a economia
menos sujeita a choques externos.
"Não vejo, olhando para o futuro,
nenhum choque interno ou externo que possa frear o ciclo de crescimento", afirmou.
O alto nível de utilização da capacidade, porém, traz a dúvida se
as empresas terão fôlego para aumentar a produção sem realizar
novos investimentos. Também
reacende a discussão sobre a possibilidade de o aquecimento econômico desembocar no aumento
de preços, já que a produção não
cresce no ritmo do consumo.
O receio de uma aceleração dos
preços não se confirma com a expectativa dos empresários -38%
deles esperam uma elevação neste
trimestre, contra 44% no trimestre anterior. Esse percentual, no
entanto, era menor no período de
outubro a dezembro do ano passado -25%. Na época, a economia estava desaquecida.
Apesar do desempenho favorável da indústria, o nível de investimento permanece baixo. A previsão para 2004 é que os investimentos representem apenas
6,52% das vendas neste ano. Em
2001, o percentual fora de 8,46%.
Segundo a pesquisa, a diferença
entre os números de empresários
que pretendem contratar e demitir no próximo trimestre chegou a
26 pontos percentuais. Esse é o
melhor saldo para um mês de outubro desde o início da série. Os
setores mais otimistas em relação
à expansão da mão-de-obra são
mecânica, produtos alimentares e
vestuário e calçados.
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