São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Ministério prevê maior produção de grãos no período 2004/05, mas custo deve subir e preço diminuir

Nova safra deve ser recorde; lucro tende a cair

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ser esperado para a próximo safra um recorde na produção de grãos, o governo avalia que o "ciclo positivo" do setor está chegando ao fim. Segundo pesquisa de intenção de plantio do produtor, o país deve produzir até 131 milhões de toneladas de grãos na safra 2004/2005. Mas os custos altos e os preços em baixa devem reduzir a lucratividade do setor.
"Os ciclos da agricultura, na história, duravam cerca de 25 anos, mas, hoje, a volatilidade desse mercado é muito alto. Os ciclos são mais curtos. A tendência é termos um, dois ou três anos de um ciclo de baixa para os grãos", afirmou o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), após divulgar as projeções do governo.
Os maiores destaque da próxima safra serão a soja, que contará com 20% de grãos transgênicos, e do algodão. Os dois devem atingir recordes de produção, com até 60,8 milhões de toneladas para o primeiro, e 2,2 milhões de toneladas para o segundo.
Os preços vêm caindo no cenário internacional. Neste ano, a saca de soja (60 kg), por exemplo, passou de R$ 50 para um preço entre R$ 30 e R$ 35. Já o preço da saca de milho saiu de R$ 25 para ficar entre R$ 16 e R$ 20.
A queda dos preços se traduziu nos investimentos que os produtores fazem para a próxima safra. Primeiramente, o governo esperava que se tivesse um aumento da área plantada de 3 milhões de hectares. A pesquisa aponta que poderá chegar no máximo a 1,1 milhão de hectares ou 2,2% a mais do que a última safra -total de 48,6 milhões de hectares.
O aumento do plantio, porém, não foi acompanhado pelas compras de fertilizantes. Esse mercado vendeu de janeiro a agosto 12,8 milhões de toneladas, uma baixa de 0,8% em relação ao mesmo período de 2003 -uma tonelada a menos do que o esperado.
"O menor uso de fertilizantes significa que os agricultores estão plantando com baixa tecnologia", disse Rodrigues. Segundo ele, isso deixa os agricultores mais vulneráveis ao clima, que segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não está ajudando o agricultor. As reservas de água na região Sul não chegaram ao seu nível normal desta época do ano. A irregularidade e a falta de chuvas também atrasa o plantio no restante do país.
Os insumos também estão em alta, disse ele, pois, houve aumento da demanda nos últimos anos e o reflexo, a alta do preços, ainda será sentida na próxima safra.
A compra de máquinas deve ficar 15% abaixo do comercializado em 2003, num total de 32 mil equipamentos vendidos no ano.


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