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CRISE NO AR
Proposta em estudo prevê edição de nova MP
Para salvar a Varig, governo pode mudar regra de falência do setor
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma das propostas em discussão no governo para salvar a Varig é a edição de uma legislação
específica de falência para empresas aéreas que permitirá, na prática, uma intervenção estatal na administração da maior companhia
aérea brasileira. Ainda não há, porém, uma decisão final sobre o tema. A única certeza é que o governo não quer deixar a Varig fechar.
As novas regras de solvência,
que seriam editadas por meio de
uma medida provisória, vão se
parecer com a Lei de Falências
que tramita no Congresso. O
principal objetivo da medida é
possibilitar o pedido de falência
da Varig, sem que isso signifique
o fim de suas operações. Em vez
de a empresa ser liquidada para
pagar seu credores, como aconteceria no atual regime falimentar, a
companhia aérea entraria num
processo de recuperação judicial.
Nesse processo seria criada uma
assembléia de credores que substituiria a Fundação Ruben Berta,
atual controladora da companhia,
na direção da empresa. Como a
União é o maior credor da empresa, seria o participante com maiores poderes na assembléia.
Segundo a Varig, a sua dívida
total é de US$ 1,8 bilhão. Desse valor, 55,6% são em impostos, contribuições e taxas federais atrasadas. A BR Distribuidora e a Infraero, duas estatais, têm a receber da Varig respectivamente US$
19,7 milhões e US$ 67,6 milhões.
Os outros dois grandes credores
da empresa são o Aerus (fundo de
pensão dos trabalhadores da empresa), com US$ 324 milhões, e a
GE (General Electric), que tem
US$ 162,5 milhões a receber.
As associações de trabalhadores
da Varig declaram que estão dispostas a transformar os seus créditos em ações da empresa. Os deputados das comissões de Desenvolvimento Econômico e Relações Exteriores pressionam o governo a aceitar a proposta dos
funcionários da empresa.
Com a nova administração no
comando, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concederia empréstimos à Varig para garantir a
continuidade dos seus serviços. O
aporte de recursos, como já disse
o ministro da Defesa, José Viegas,
não seria a fundo perdido.
Novos sócios
Os interventores também teriam a missão de buscar novos investidores interessados em participar do negócio, inclusive sócios
estrangeiros. O limite de participação de empresas estrangeiras
seria o previsto na atual lei, que é
de 20% do capital total. Os planos
do governo incluem ainda a venda de parte da empresa para as
companhias aéreas menores, como TAM e Gol.
A intervenção na administração
não significará a estatização da
companhia. Viegas disse, em diversas ocasiões, que a Varig não
será estatizada. Apesar de ter poder para controlar a administração, o governo pretende vender a
empresa a investidores privados.
A criação de um regime de recuperação judicial dará ao governo
o controle sobre o processo de saneamento da Varig, sem que isso
se configure como uma intervenção tradicional.
Pelas regras da aviação civil, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode decretar a intervenção do
Estado numa companhia aérea,
caso avalie que ela não tem condições de continuar funcionando.
Esse tipo de intervenção, no entanto, já foi descartada pelo governo federal, pois não asseguraria o fim dos problemas na empresa.
Enquanto a solução final não
sai, a situação da Varig se complica a cada dia. Na próxima semana
a Infraero passará a cobrar diariamente as tarifas aeroportuárias da
empresa, caso a Varig não quite
uma dívida de aproximadamente
R$ 120 milhões. Apesar de operar
com lucro neste ano, a companhia não consegue honrar todos
os seus compromissos e deixou
de pagar as tarifas da Infraero nos
últimos meses.
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