São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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Em SP, gasolina faz inflação voltar a subir

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os analistas de inflação escorregaram nas frutas nesta semana. O comportamento dos preços desses produtos surpreendeu o mercado e fez com que todas as estimativas de inflação ficassem abaixo da taxa verificada.
Além das frutas, os reajustes da gasolina também estão mais salgados e dificultaram as previsões do mercado, que esperava inflação de 0,47% a 0,51% para a cidade de São Paulo. A taxa, no entanto, foi de 0,53%.
Essa taxa se refere à evolução dos preços médios de 525 itens pesquisados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) nos últimos 30 dias até 23 deste mês em relação ao mesmo período anterior. Em setembro, os preços tinham subido 0,21%, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
A taxa de inflação surpreendeu também a Fipe, que agora já prevê 0,60% para este mês (0,40% no início do mês). "Como se diz no mercado, tomamos um olé do IPC", diz Paulo Picchetti, coordenador do índice da Fipe.
As análises de inflação contavam com a pressão remanescente dos preços administrados, o que realmente ocorreu. Esses itens foram responsáveis por um terço da taxa. O que não se esperava, no entanto, era a recuperação tão forte dos preços no setor de alimentação. Com deflação de 0,57% no mês passado, os alimentos inverteram essa tendência de baixa e acumularam alta de 0,21% nos últimos 30 dias.
Está difícil determinar uma tendência dos preços nesse setor, avalia Picchetti. Das dez principais quedas registradas pelo índice na terceira quadrissemana de outubro (últimos 30 dias), nove foram no setor de alimentação. Essas quedas, no entanto, foram anuladas pela alta das frutas, do feijão, do frango e de outros alimentos. O aumento nos preços dos alimentos -o setor com maior número de componentes do índice- fez com que 68% dos 525 itens pesquisados pela Fipe registrassem alta. Uma taxa maior do que essa só havia ocorrido em abril de 2003.
Outra pressão certa no IPC da Fipe era a dos combustíveis. A gasolina teve aumento de 2,83% na terceira semana deste mês em relação ao mesmo período de setembro, uma taxa superior à esperada. O álcool, que já vinha com reajuste nas semanas anteriores, teve alta de 13%. Para Picchetti, alguns postos estão aproveitando para recuperar margens.
Apesar da elevação da taxa neste mês, a Fipe não reviu as previsões de inflação para este ano, que continuam entre 6% e 6,5%. Para Picchetti, a inflação média mensal de setembro a dezembro deve se manter em 0,40%, o que justificaria a previsão anual.


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