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Classes C e D já cortam gastos devido à crise, diz pesquisa
Mais pessimistas, consumidores começam a reduzir despesas, aponta Ibope
Dos entrevistados, 26% dizem que reduziram as compras de alimentos da cesta básica e 24% deixaram de gastar com itens de lazer
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A crise financeira internacional já bateu às portas das classes C e D, que começaram a cortar itens de suas cestas de consumo (inclusive alimentos) e
mostrar preocupação com uma
inflação maior e um crescimento menor da economia. É o que
mostra pesquisa realizada pelo
Ibope em cinco capitais e no
Distrito Federal.
Dos 400 entrevistados entre
7 e 9 de outubro, 26% dizem
que reduziram as compras de
alimentos da cesta básica. Outros 24% deixaram de gastar
com lazer. Também houve corte no consumo de artigos de
vestuário (19% dos pesquisados) e atraso no pagamento de
prestações (20%).
Segundo o Ibope, essas foram
as reações das classes C e D à
crise, já de conhecimento de
69% dos entrevistados -que
dizem ainda que ela já afeta o
seu dia-a-dia. Para 49% dos ouvidos, a crise vai ter impacto no
Brasil, apesar de a economia estar sólida. "O brasileiro dessas
classes tem uma memória de
crise. Sabe exatamente quanto
paga e quanto pode consumir.
Qualquer aumento de preço, é
percebido imediatamente, ainda mais num cenário de crise",
diz Hélio Gastaldi, diretor de
Planejamento do Ibope.
Os consumidores revelaram
ainda que a volta da inflação de
um modo geral -apontada por
35% dos entrevistados- e, especialmente, o aumento do
preço dos alimentos (30%) são
os principais temores causados
pela crise.
As classes C e D têm receio
ainda de um crescimento mais
lento da economia, possível impacto da crise citado por 56%
dos entrevistados.
Encomendada pela agência
de publicidade 141 SoHo Square, uma das três que atendem à
Secom (Secretária de Comunicação da Presidência da República), a pesquisa traz uma má
notícia para o comércio: 45%
dos entrevistados esperam um
Natal com menos compras. A
agência apresentou os resultados à Secom. Apesar de estar
tomando providências para se
defender da crise, o brasileiro
das classes C e D, diz Gastaldi,
ainda mantém a confiança no
governo e na melhora de vida
no futuro. "A expectativa é de
uma crise passageira. É um
problema mais imediato."
Dos entrevistados, 43% dizem que o governo está preparado para enfrentar a crise, mas
terá dificuldades para resolver
a situação. Já 16% afirmam que
o governo está bastante preparado e conseguirá vencer a crise. Tal perspectiva levou 42% a
concluírem que a sua vida continuará melhorando.
"Em outras crises, os efeitos
eram mais extensos. A pesquisa
mostrou ainda um enorme
grau de informação sobre o tema e de percepção da gravidade
já naquele período, embora o
discurso inicial do governo fosse de que o país não seria contaminado", diz Gastaldi.
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