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CRÉDITO
Taxa média nas operações de financiamento de pessoas físicas bate em 79,3% ao ano, a maior desde fevereiro de 2000
Taxa de juro sobe "tremendamente", diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos concedidos a
pessoas físicas atingiram, em outubro, o nível mais elevado em
mais de dois anos, segundo levantamento feito pelo Banco Central.
No mês passado, a taxa média cobrada nessas operações de crédito
chegou a 79,3% ao ano -o equivalente a cerca de 5% ao mês.
Desde fevereiro de 2000, os juros cobrados pelos bancos nos financiamentos concedidos a pessoas físicas não eram tão altos.
Naquele mês, a taxa ficou em
86,2% ao ano -ou 5,3% ao mês.
"A taxa de juros para as pessoas
físicas subiu tremendamente",
afirmou o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes.
Segundo ele, a elevação das taxas
cobradas pelos bancos se explica
pelo aumento da taxa de juros básicos da economia promovido pelo próprio BC em outubro. No início do mês passado, a taxa Selic
passou de 18% ao ano para 21% ao
ano. Hoje está em 22% ao ano.
A taxa Selic é usada como referência em praticamente todas as
operações feitas pelo sistema financeiro. Em geral, ela corresponde aos juros que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado, principalmente por meio da
venda de CDBs (Certificado de
Depósito Bancário).
"Recomenda-se que as pessoas
evitem tomar empréstimos e,
quando possível, é melhor comprar à vista", afirma o chefe do
Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes.
Segundo ele, mesmo antes do
Natal as pessoas já têm evitado
contrair novas dívidas. "As taxas
[de juros] muitos elevadas inibem
a demanda por crédito", afirma.
Além de evitar as compras a
prazo, Lopes diz que, sempre que
possível, as pessoas devem se
preocupar em quitar suas dívidas.
Dos 79,3% ao ano cobrados pelos bancos nos empréstimos a
pessoas físicas, 51,5 pontos percentuais equivalem ao chamado
"spread". Ou seja, é a diferença
entre aquilo que os bancos pagam
para captar os recursos e os juros
cobrados na hora de repassar o
dinheiro aos clientes.
As maiores altas nas taxas de juros ocorreram nas operações de
financiamentos de automóveis e
no crédito pessoal. No primeiro
caso, os juros médios passaram
de 47,4% ao ano para 53,0% ao
ano. No crédito pessoal, a taxa subiu de 85,4% ao ano para 88,8%.
Segundo Lopes, o aumento nas
taxas cobradas no financiamento
de veículos se explica também pelo fim de promoções que algumas
montadoras realizaram em setembro. Com o fim das ofertas, as
taxas voltaram a subir.
Entre as empresas, em compensação, a taxa média de juros ficou
praticamente estável, passando
de 22,7% ao ano para 23,0% ao
ano. Lopes diz que essa estabilidade se explica pelo fato de as empresas conseguirem negociar
condições mais favoráveis com os
bancos na hora de contrair um
empréstimo.
A inadimplência, apontada por
alguns bancos como um dos motivos para as elevadas taxas de juros praticadas no Brasil, tem se
mantido estável. Segundo o BC,
os financiamentos cujo atraso no
pagamento é de, no mínimo, 15
dias representavam 7,9% do total
em outubro, mesmo índice observado em setembro.
Devido às altas taxas cobradas
pelos bancos, a procura por crédito está cada vez menor. No mês
passado, o volume total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro ficou em R$ 214,1
bilhões, queda de 2,1% em relação
aos números de setembro.
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