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EMPRÉSTIMOS
País tem baixa oferta de financiamento em relação ao PIB; instituições dizem que temem inadimplência
Juros altos levam à redução de crédito
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação das taxas de juros e a
contração da atividade econômica estão contribuindo para o encolhimento da demanda por empréstimos no Brasil. Dados elaborados pela ABM Consulting mostram que o volume de crédito para pessoa física teve uma redução
real de 11,4% (descontada a inflação medida pelo IGP-DI) entre
maio e outubro deste ano.
Segundo projeção da mesma
consultoria, o montante de financiamento em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve cair para cerca de 27,2% em
2002, taxa inferior aos 28% registrados no ano passado.
Juros altos
Esse número revela o atraso do
mercado de crédito brasileiro em
relação ao de outros países. Num
universo de 40 nações pesquisadas, o Brasil só perde para o México, onde a relação entre crédito e
PIB era de 24% no fim de 2001.
O baixo volume de empréstimos tomados pela população brasileira é consequência das altas taxas básicas de juros praticadas no
país e do crescimento da dívida
pública federal. Isso faz com que
as aplicações em títulos públicos
sejam mais atraentes para os bancos do que a oferta de crédito.
Além disso, os juros elevados
reprimem a demanda e aumentam as chances de inadimplência,
o que também faz com que os
bancos cobrem taxas muito elevadas para emprestar recursos.
Segundo Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), a recente disparada nas taxas cobradas pelas instituições financeiras nos empréstimos a pessoas físicas reflete justamente o medo da inadimplência futura.
"O risco de inadimplência em
segmentos de alto risco, como
cheque especial, subiu muito",
afirma Troster.
A expectativa de crescimento
do calote tem levado, inclusive, as
instituições financeiras a aumentar suas provisões contra créditos
duvidosos. Apesar disso, a inadimplência continua praticamente estável neste ano. Dados da
ABM Consulting mostram que a
taxa de inadimplência nos empréstimos a pessoas físicas subiu
de 15% para 15,5% entre janeiro e
outubro deste ano.
Para Alberto Borges Matias, sócio da ABM Consulting, a elevação dos juros ao consumidor é,
em parte, consequência da elevação da taxa Selic, hoje em 22%.
Tanto Matias como Troster citam o aumento dos depósitos
compulsórios-que os bancos
têm de recolher ao Banco Central-como outro motivo para a
subida nos juros dos financiamentos. "Isso diminuiu a liquidez
do mercado (quantidade de dinheiro em circulação) e encareceu
o custo do dinheiro", diz Troster.
Apesar do recente aumento, os
juros dos financiamentos a pessoas físicas já foram bem mais altos no Brasil. Em abril de 1995, essa taxa chegou a 273,6%, contra
79,3% no mês passado.
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