São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Com crise, mais jovens retornam à casa dos pais nos EUA

Em 13% dos lares, ao menos um filho crescido desistiu de morar sozinho; casamentos são adiados, e desemprego de jovens é recorde

DE NOVA YORK

A crise econômica elevou o número de jovens americanos que voltaram a morar com os pais. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center, 13% dos pais com filhos crescidos relataram ter recebido de volta ao menos um deles no último ano.
Entre os entrevistados de 18 a 34 anos, 10% disseram que voltaram a morar com os pais por conta da crise. Outros 12% disseram que passaram a dividir apartamento e 2% alugaram cômodos para hóspedes.
"Cerca de sete em cada dez adultos que vivem com os pais têm menos de 30 anos. Metade deles trabalha em expediente integral ou parcial, enquanto 25% estão desempregados. De todos os adultos que vivem com suas famílias, 35% disseram que já moraram sozinhos em algum momento, mas tiveram de retornar para a casa dos pais", afirma a pesquisa.
Em um movimento similar ao que ocorreu em recessões anteriores, como em 1982 e 2001, o percentual de jovens que vivem sozinhos diminui no cenário de crise. Em 2007, o total de jovens de 18 a 29 anos que moravam sozinhos era de 7,9%. Neste ano, o percentual caiu para 7,3%.
Os números indicam que os efeitos são mais visíveis sobre as mulheres. De 2007 a 2009, o total de mulheres de 18 a 29 anos que moram sozinhas recuou de 7,1% para 6,1%. Segundo o instituto, mudanças dessa magnitude são bastante superiores à média histórica. Entre os homens, o total dos que vivem sozinhos nessa idade passou de 8,6% para 8,4%.
Além da comparação de dados do Census, a pesquisa foi feita com base em entrevistas por telefone com 1.028 pessoas acima de 18 anos no período de 21 a 25 de outubro.

Casamento adiado
A pesquisa mostra que a crise econômica não afetou apenas o perfil de moradia. Os jovens estão adiando planos como casamento e filhos. Na faixa de 18 a 34 anos, 14% dos jovens postergaram o plano de ter filhos, e 15%, o de casar.
Segundo o estudo, decisões como essas estão relacionadas ao aumento do desemprego. Hoje, 46,1% dos jovens entre 16 e 24 anos estão empregados, menor índice desde 1948.
Uma das principais consequências tem sido o aumento do número de estudantes matriculados em instituições de ensino superior. No ano passado (último dado disponível para o país todo), 39,6% dos jovens de 18 a 24 estavam matriculados em cursos de dois ou de quatro anos, o equivalente a 11,5 milhões de estudantes.
"Cursos universitários locais de menor duração têm sido considerados contracíclicos. Eles tendem a aumentar enquanto a economia piora", afirma a pesquisa. (JANAINA LAGE)


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