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Estatais lideram leilão de linhas de transmissão
SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passado o pior da crise, não
faltou disposição do setor privado no leilão promovido pelo
governo para a construção de 11
linhas de transmissão em 8 Estados: 11 empresas se habilitaram. Mas a estrela do evento foi
a estatal Eletrobrás. Três de
suas subsidiárias levaram 6 dos
8 projetos, com investimentos
previstos de R$ 1,3 bilhão.
Em média, as ofertas ficaram
28,43% abaixo dos preços limite fixados pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica)
para que cada empresa fature
anualmente em cada projeto.
Dona da linha de transmissão que entrou em colapso no
apagão do último dia 10, entre
Paraná e São Paulo, Furnas arrematou três projetos, nos Estados de Goiás, Espírito Santo e
Minas Gerais. Em dois deles,
Furnas entrou com dois outros
sócios privados e ficará com
49% dos empreendimentos.
A Companhia Hidrelétrica
do São Francisco arrematou,
por sua vez, outros dois projetos, em linhas que atravessarão
Maranhão, Ceará e Bahia. Em
um deles, terá sócio privado e
ficará com a participação minoritária, de 49%. No Norte, a Eletronorte se comprometeu a
construir uma linha de transmissão no Amazonas, sozinha.
Para o presidente da Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica), Nelson Hubner, a
maior presença das estatais é
explicada pela existência de outras linhas de transmissão administradas por elas nas regiões onde passarão os novos
projetos. "Foi um leilão com lotes pequenos e dentro da área
de atuação de estatais federais.
Por isso, elas têm condição de
dar deságios maiores porque
agregam ao resto da rede. O
custo delas com a operação é
menor, o que lhes dá mais competitividade."
As novas linhas -conjunto
de cabos e torres- devem entrar em funcionamento em até
dois anos. A construção das linhas é planejada pela EPE
(Empresa de Pesquisa Energética) e pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico)
-instituições que atuam sob
influência do governo. Os leilões de novas linhas são realizados anualmente.
Os projetos se fazem necessários à medida que novas usinas entram em operação pelo
país, também planejadas pelo
governo. São as linhas de transmissão que percorrem grandes
distâncias pelo país levando a
energia produzida nas usinas
aos centros consumidores.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico
da UFRJ, Nivalde de Castro, a
tendência é que a malha de linhas de transmissão seja cada
vez mais visível no céu do país.
"As usinas hidrelétricas são
construídas cada vez mais distantes dos centros de consumo,
porque não há mais fontes próximas a esses locais. Para trazer
essa energia, são necessárias
mais redes." As linhas ofertadas não têm relação com a região afetada pelo apagão de
duas semanas atrás. De qualquer forma, explica Castro, aumentam a segurança do sistema elétrico brasileiro.
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