São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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TENSÃO GLOBAL

Mercados se preparam para 3º ano de queda

Bolsas internacionais recuam aos piores níveis dos últimos 2 meses

DA REDAÇÃO

As ações européias caíram ontem ao nível mais baixo em dois meses e meio, atingidas pelas incertezas geopolíticas e pelas tímidas perspectivas de crescimento econômico para o próximo ano. As principais empresas do continente já perderam um terço de seu valor desde o começo do ano.
As Bolsas norte-americanas também foram afetadas pelo recrudescimento das tensões globais, que, além da possibilidade crescente de conflito EUA x Iraque, agora incluem também a Coréia do Norte, que ontem expulsou inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) de seu território.
Pesa ainda o impasse político na Venezuela, que desestabiliza a oferta global de petróleo. Combustíveis mais caros significam perspectivas menores de crescimento econômico.
O baixo volume de negócios (em torno de um quarto dos níveis normais, devido aos feriados de fim de ano) explica em parte a alta volatilidade dos índices. Para os analistas, tendências mais concretas só poderão ser observadas no começo de 2003, quando os administradores de fundos começarão a recompor suas carteiras.
"Não é difícil derrubar os mercados quando o volume é baixo assim. O verdadeiro teste ocorrerá na semana que vem, quando os investidores começarão a fazer suas apostas", afirmou um corretor de investimentos que opera no mercado de Londres.
O FTSE Eurotop 300, que lista as 300 maiores empresas européias, subiu 10% desde que atingiu, em outubro, seu ponto mais baixo em cinco anos. Mas, ainda assim, o índice acumula uma perda de 33% desde o começo do ano.
Inevitavelmente, o FTSE Eurotop 300 amargará o terceiro ano consecutivo de perdas. No ano passado, o índice perdeu 18% e, em 2000, 3%.
O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, caiu 2,86% no dia e já perdeu cerca de um quarto de seu valor no ano. Nos últimos três anos, a perda chega a 43%.
A Bolsa de Frankfurt sofreu uma queda de 5,36%. No ano, a principal Bolsa alemã acumula uma perda de 45%.
Em Paris, a queda ficou em 2,25%. Desde o começo do ano, a queda chega a 35%.

EUA sentem
As Bolsas norte-americanas também recuaram aos mais baixos patamares desde outubro. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York caiu 1,53%, a Nasdaq perdeu 1,43%, e o Standard & Poor's 500 teve queda de 1,6%.
"Já tínhamos o bastante para lidar, com o terrorismo e o Iraque. A Coréia do Norte nos roubou um novo tanto de estabilidade global", afirmou Peter Boockvar, estrategista da corretora Miller Tabak. "É por isso que as pessoas não querem se arriscar, investindo em ações."
O dólar seguiu perdendo valor ante o euro. A cotação da moeda européia foi a US$ 1,0401, a maior desde 1999.


Com agências internacionais


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