São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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COMÉRCIO EXTERIOR

Medida visa estimular exportações

Governo Lula estuda dividir BNDES em dois, diz futuro ministro Furlan

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, 56, afirmou ontem que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá ser dividido em dois para dar mais ênfase à exportação.
De acordo com Furlan, a idéia em estudo, que consta no relatório preparado pela equipe de transição do novo governo, é a de separar as funções do BNDES de banco de fomento das de Eximbank. "Nós vamos aprofundar os estudos da possibilidade de separação das duas funções do BNDES", diz Furlan.
Para o futuro ministro do Desenvolvimento, o objetivo dessa proposta de divisão do BNDES é dar mais dinamismo ao banco. Hoje, a seu ver, o fato de coabitarem, no mesmo prédio, tanto o banco de fomento como o Eximbank pode não ser tão produtivo, principalmente para o incentivo às exportações.
Furlan confirmou também que o economista Carlos Lessa deverá ser mesmo o presidente do BNDES. O futuro ministro afirmou que, no sábado passado, ele almoçou com Lessa e com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. "Nós tivemos uma profícua reunião com o professor Carlos Lessa e o presidente Lula, onde eu acredito que nos conhecemos melhor e estruturamos um "modus operandi" que vai funcionar bastante bem", afirmou Furlan.
O futuro ministro do Desenvolvimento disse que o BNDES deverá um órgão executor de políticas de desenvolvimento industrial e de comércio exterior. "A formulação dessa política deve ficar a cargo do presidente e dos ministros", disse.
Furlan afirmou também que outra preocupação será a de fazer com que os recursos à exportação cheguem também às pequenas empresas. Segundo ele, há muitas idéias em estudo para fazer com que isso aconteça.
O futuro ministro do Desenvolvimento reconheceu que há muitas dificuldades, hoje, para que as pequenas empresas tenham acesso aos recursos do BNDES. O grande problema, a seu ver, é que o risco do empréstimo se concentra no banco repassador de recursos. O BNDES não opera diretamente com as pequenas empresas.
De acordo com Furlan, uma das idéias em estudo é a de flexibilizar mais o risco dessas operações para poder melhor distribuir os recursos do BNDES.
Furlan disse que outra prioridade de sua administração será a elaboração de uma política industrial com o objetivo de promover um novo programa de substituição de importações no país.
Segundo ele, uma das idéias em estudo, que também consta no relatório da equipe de transição, é a de transformar a Zona Franca de Manaus, onde já estão instaladas as fábricas de imagem e de som, num pólo industrial de atração de fabricantes de componentes, de circuitos integrados e de semicondutores.
No final de novembro, membros da equipe de transição do PT tiveram um encontro no Rio com executivos de grandes indústrias de telecomunicações. Entre elas, Motorola, NEC e Alcatel. O novo governo quer convencer multinacionais a construir a primeira fábrica de semicondutores do país.
Ao tentar atrair fábricas de componentes, circuitos integrados e semicondutores para o país, o objetivo do novo governo é o de reduzir o déficit na balança comercial do setor eletroeletrônico.
O setor é um dos que apresentam maior saldo negativo na balança comercial. No ano passado, o déficit foi de US$ 5,805 bilhões. Se for levado em conta os eletrônicos utilizados na indústria automobilística, o saldo negativo do setor chegou a US$ 8 bilhões em 2001.


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