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BNDES leiloa ação da Telemar e favorece fundos de pensão
Petros e Funcef terão vantagem na compra de papéis da controladora da Oi
Leilão é a última etapa da
reestruturação acionária
da holding da empresa de
telefonia, após a aquisição
da operadora Brasil Telecom
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES venderá 14,47% do
capital da Telemar Participações em um leilão público de
cartas marcadas, em que dois
fundos de pensão estatais -Petros (dos empregados da Petrobras) e Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal)- estarão em vantagem sobre outros eventuais candidatos. A Telemar é dona do grupo
Oi, que atua em telefonia fixa,
telefonia celular, TV por assinatura e internet.
O leilão é a última etapa da
reestruturação acionária da
holding do grupo Oi, iniciada
em abril do ano passado. A previsão é que ele aconteça ainda
neste ano ou no início de janeiro. O preço mínimo de venda
das ações será da ordem de
R$ 950 milhões.
Os fundos fazem parte do
bloco de acionistas controladores da Telemar Participações,
que têm preferência para comprar as ações pelo preço final do
leilão.
Essa vantagem só foi possível
porque o acordo de acionistas
da Telemar foi modificado em
abril de 2008 e o BNDES se
obrigou a dar preferência aos
controladores.
No acordo anterior, firmado
no governo Fernando Henrique Cardoso, após a privatização da Telebrás, o BNDES não
tinha tal obrigação e a porta estava aberta para que um grupo
de fora comprasse posição relevante na companhia.
Outros fatores desestimulam
a participação de grupos de fora
no leilão. As ações da Telemar
Participações não são negociadas na Bolsa de Valores e não
têm liquidez.
Além disso, se um candidato
de fora do grupo vencer o leilão
-hipótese considerada improvável-, ele será acionista minoritário na companhia e suas
ações valerão menos do que as
dos controladores, o que também desestimula a competição.
A diferença reconhecida pelo
mercado é de 20%.
Sob medida
Paralelamente à compra da
Brasil Telecom, a Telemar passou por uma reestruturação societária, que foi coordenada pelo BNDES.
Na mudança, alguns acionistas (GP Investimentos, Opportunity e as seguradoras ligadas
ao Banco do Brasil) saíram do
negócio. Os grupos La Fonte e
Andrade Gutierrez assumiram
a gestão da empresa, e os fundos de pensão Funcef e Petros,
que tinham participações de
2,79% e de 2,74%, respectivamente, reivindicaram aumentá-las para 10%.
O leilão será sob medida para
atender aos fundos de pensão.
As ações serão oferecidas em
dois lotes, que não poderão ser
vendidos de forma fracionada.
O primeiro lote, equivalente a
7,26% do capital da holding,
corresponde ao que a Petros
precisa para chegar aos 10%. O
outro, de 7,21%, é o que falta para a Funcef.
A ideia é que os fundos ofereçam, pelas ações, o mesmo valor pago aos ex-controladores
que se retiraram do negócio no
ano passado, corrigido pelo
CDI (taxa de juros de curto prazo praticada no mercado financeiro). O cálculo corresponde a
cerca de R$ 950 milhões.
Burocracia
O leilão deveria ter acontecido logo após a aprovação da
compra da Brasil Telecom pela
Oi, em dezembro do ano passado. Questões burocráticas atrasaram o plano. Os fundos de
pensão eram acionistas da Telemar, por intermédio de uma
empresa chamada Fiago. Ela
foi dissolvida, e seus ativos, redistribuídos entre os fundos,
que se tornaram acionistas diretos da Telemar.
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) é o maior acionista
individual da Telemar, com
31,36% das ações com direito a
voto da companhia, em nome
de sua subsidiária BNDESPar.
Os grupos La Fonte e Andrade
Gutierrez, que administram a
operadora de telefonia, têm
19,33% cada um.
O banco tornou-se acionista
da empresa em 1998, na privatização da Telebrás. Ele continuará com participação expressiva na operadora, de
16,89%, após o leilão.
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