|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Bolsas podem subir com início da guerra, mas terão força?
HUW JONES
DA REUTERS, EM LONDRES
Com as ações européias perto
de seus níveis mais baixos
em seis anos devido ao temor de
um iminente ataque dos EUA ao
Iraque, muitos investidores estão
se preparando para uma recuperação no mercado assim que uma
ação militar começar.
Mas não está claro se os primeiros ataques aéreos provocarão
uma recuperação sustentável ou
apenas uma alta temporária.
Se a história serve de orientação,
os analistas dizem que as ações
podem subir até 20% quando a
dúvida quanto ao momento de
uma guerra para depor o ditador
iraquiano Saddam Hussein for
subitamente dirimida. Os EUA se
consideram capazes de vencer fácil e talvez rapidamente o conflito.
"Se formos à guerra amanhã, os
mercados podem se recuperar,
porque uma incerteza paralisante
será dissipada", diz Stuart Fraser,
administrador de fundos na Standard Life Investments.
Em janeiro de 1991, as combalidas ações européias começaram a
se recuperar quando os EUA e
seus aliados lançaram ataques aéreos para expulsar do Kuait os invasores iraquianos. O índice FTSE
100, da Bolsa de Londres, subiu
25% em três meses, e o Dax
(Frankfurt) teve alta de 30% em
seis meses.
Comparação
Doze anos mais tarde, uma recuperação semelhante parece
provável, argumentam muitos
analistas.
"Fazer uma comparação direta
é impreciso, mas trata-se do único
modelo de que dispomos para estudo", diz Gareth Evans, estrategista europeu do ING Barings.
"Se recebermos notícias de
guerra, o que pode acontecer nesta semana, elas removerão a incerteza, e o ágio de risco nas ações
se reduzirá, o que pode gerar uma
recuperação no mercado", disse
Evans.
O ágio por risco é o retorno que
as ações precisam oferecer acima
dos títulos seguros dos governos a
fim de atrair investidores.
Mas uma recuperação de 20%
apenas levaria o índice europeu
FTSE Eurotop 300 de volta ao patamar de dezembro de 2002.
O alarido da guerra provavelmente se fará ouvir de maneira
mais ruidosa nos próximos dias, o
que enervará os investidores e as
seguradoras famintas de caixa
ainda mais.
Recuperação pega-trouxa?
Mas qualquer alta do mercado
deflagrada por uma ação militar
contra o Iraque pode ser curta, já
que a economia estagnada e a redução das expectativas de lucros
demasiadamente ambiciosas
uma vez mais voltarão ao topo
das agendas dos investidores
acompanhadas de um novo temor de ações retaliatórias de parte dos terroristas, o que agravaria
a tendência de baixa.
"O maior medo é o que acontece depois que a guerra começar. O
sentimento é que a coisa será decidida rapidamente, mas será que
os ataques provocarão atentados
terroristas na Europa?", pergunta
Robert Crenian, estrategista do
banco de investimento Dresdner
Kleinwort Wasserstein.
Se os EUA agirem sozinhos ou
com poucos aliados, os mercados
ficarão perturbados, dizem os
analistas, lembrando que os norte-americanos montaram uma
ampla coalizão contra o Iraque
em 1991.
"Se os EUA forem à guerra contra o Iraque sem um mandato claro, acredito que estarão alimentando problemas futuros", diz
Adrian Fowler, diretor da equipe
de ações européias na Aberdeen
Asset Management.
O ING e outros bancos duvidam
que qualquer recuperação possa
ser mantida no curto e médio prazo até que a reabilitação econômica esteja pronta para ganhar ímpeto, no final do ano.
"Há a chance de que tenhamos
uma alta pega-trouxa. Qualquer
movimento substancial acima
dos 940 pontos no Eurotop 300
geraria preocupações e a busca de
oportunidades para sair", afirma
Evans, do ING.
Recuperação anêmica
Mesmo que Saddam seja rapidamente derrotado, as empresas
continuarão a ter de pagar suas
imensas dívidas e restaurar seus
balanços.
"Fundamentalmente, nada terá
mudado, e por fim a guerra terá
sido uma distração do fato de que
a economia norte-americana, o
propulsor do crescimento mundial, está apresentando uma recuperação anêmica que provavelmente deve continuar", diz Crenian, do Dresdner.
Tradução de Paulo Migliacci
Texto Anterior: Artigo: Pessimismo do Homem de Davos é ilusório como a euforia da bolha Próximo Texto: Panorâmica - Feiras: Indústria de vestuário infantil espera crescimento de no máximo 2% em 2003 Índice
|