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MERCOSUL
"Reunião foi insatisfatória"
Lavagna reclama mais precisão em salvaguarda
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, afirmou estar insatisfeito com o resultado da reunião em que o Brasil aceitou discutir "um mecanismo para a expansão equilibrada
do comércio bilateral".
O encontro entre representantes dos dois governos, realizado a
pedido do país vizinho, na terça-feira, no Rio de Janeiro, tratou da
proposta de Lavagna de introduzir barreiras às exportações brasileiras, para proteger as "áreas sensíveis" da indústria argentina.
Lavagna apresentou o pedido
ao Brasil em setembro. O governo
brasileiro resistia à idéia, argumentando que a adoção de barreiras entre os dois maiores sócios
do Mercosul poderia significar retrocesso na condição de união
aduaneira perseguida pelo bloco.
Mas, na reunião desta semana, o
Brasil concordou em estudar medidas inibidoras às exportações.
A concessão dos brasileiros, liderados pelo secretário-geral do
Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, foi festejada pelo chefe da
delegação argentina, Alfredo
Chiaradía, secretário de Relações
Econômicas Internacionais da
chancelaria. Evitando um choque
frontal com Chiaradía, Lavagna
reconheceu que houve "avanços"
na reunião. Mas também afirmou: "Estamos longe de haver
cumprido a tarefa".
Para ele, faltam "precisões claras sobre os mecanismos que serão empregados" e o atual estágio
da proposta "não é suficiente para
fazer cumprir o Tratado de Assunção [que oficializou o Mercosul, em 1991]. Ao invocar o tratado, a Argentina cobra do Brasil a
coordenação de políticas econômicas -um dos pontos previstos
no texto, que o Brasil descumpre,
na avaliação do país vizinho.
A Argentina se comprometeu a
estudar a proposta até a primeira
quinzena de março, quando haverá nova rodada de negociações.
Lavagna informou que, nesse período, continuarão em vigor as
barreiras usadas pela argentina. O
vizinho aplica taxa de 21% aos televisores oriundos da Zona Franca de Manaus e adota cotas para
as vendas brasileiras de produtos
da linha branca, têxteis e calçados.
Lavagna anunciou anteontem a
substituição do titular da secretaria. Alberto Dumont vai assumir a
embaixada argentina em Genebra. Seu substituto é o economista
Miguel Peirano, ligado à União
Industrial Argentina (UIA), entidade empresarial que mais pressiona o governo argentino a impor barreiras às vendas brasileiras
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