São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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MERCOSUL

"Reunião foi insatisfatória"

Lavagna reclama mais precisão em salvaguarda

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, afirmou estar insatisfeito com o resultado da reunião em que o Brasil aceitou discutir "um mecanismo para a expansão equilibrada do comércio bilateral".
O encontro entre representantes dos dois governos, realizado a pedido do país vizinho, na terça-feira, no Rio de Janeiro, tratou da proposta de Lavagna de introduzir barreiras às exportações brasileiras, para proteger as "áreas sensíveis" da indústria argentina.
Lavagna apresentou o pedido ao Brasil em setembro. O governo brasileiro resistia à idéia, argumentando que a adoção de barreiras entre os dois maiores sócios do Mercosul poderia significar retrocesso na condição de união aduaneira perseguida pelo bloco. Mas, na reunião desta semana, o Brasil concordou em estudar medidas inibidoras às exportações.
A concessão dos brasileiros, liderados pelo secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, foi festejada pelo chefe da delegação argentina, Alfredo Chiaradía, secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria. Evitando um choque frontal com Chiaradía, Lavagna reconheceu que houve "avanços" na reunião. Mas também afirmou: "Estamos longe de haver cumprido a tarefa".
Para ele, faltam "precisões claras sobre os mecanismos que serão empregados" e o atual estágio da proposta "não é suficiente para fazer cumprir o Tratado de Assunção [que oficializou o Mercosul, em 1991]. Ao invocar o tratado, a Argentina cobra do Brasil a coordenação de políticas econômicas -um dos pontos previstos no texto, que o Brasil descumpre, na avaliação do país vizinho.
A Argentina se comprometeu a estudar a proposta até a primeira quinzena de março, quando haverá nova rodada de negociações. Lavagna informou que, nesse período, continuarão em vigor as barreiras usadas pela argentina. O vizinho aplica taxa de 21% aos televisores oriundos da Zona Franca de Manaus e adota cotas para as vendas brasileiras de produtos da linha branca, têxteis e calçados.
Lavagna anunciou anteontem a substituição do titular da secretaria. Alberto Dumont vai assumir a embaixada argentina em Genebra. Seu substituto é o economista Miguel Peirano, ligado à União Industrial Argentina (UIA), entidade empresarial que mais pressiona o governo argentino a impor barreiras às vendas brasileiras


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