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CONTAS VIGIADAS
Medida contra offshore das Ilhas Virgens Britânicas foi tomada após o não-pagamento de dívida de US$ 3 mi
Justiça liqüida empresa de Edemar no Caribe
MARIO CESAR CARVALHO
GUILHERME BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça das Ilhas Virgens Britânicas decretou ontem a liqüidação de uma empresa controlada
pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira com sede nesse paraíso fiscal
do Caribe -a Alsace-Lorraine
Investments Services Limited.
A liqüidação foi decretada porque a Alsace-Lorraine não honrou promissórias de cerca de
US$ 3 milhões (R$ 8 milhões).
O autor da ação que resultou na
liqüidação da empresa (ele prefere não ver seu nome revelado)
acredita que a medida pode revelar o que chama de "a caixa-preta"
do dinheiro que o dono do Santos
remeteu para fora do Brasil.
O Banco Central decretou a intervenção no banco de Edemar
em 13 de novembro do ano passado. O buraco pode ir de R$ 700
milhões, segundo o BC, a mais de
R$ 1 bilhão, de acordo com estimativas da Trevisan e Associados.
O banqueiro usava a Alsace-Lorraine para garantir os depósitos dos clientes do Banco Santos
que enviavam dinheiro para fora
do país, de acordo com três investidores ouvidos pela Folha. Quem
fazia depósitos no Bank of Europe, um braço do Banco Santos em
Antígua e Barbuda, paraíso fiscal
das Antilhas, recebia uma promissória da Alsace-Lorraine.
O autor da ação judicial detém
duas duplicatas da Alsace-Lorraine pelos depósitos que fizera no
Bank of Europe (nos valores de
US$ 1.094.394,74 e de US$
1.669.593,75). Com juros, o total
atinge cerca de US$ 3 milhões. A
Folha obteve cópia de toda a documentação sobre a operação
triangular, que tem nas suas pontas o Banco Santos, o Bank of Europe e a Alsace-Lorraine.
O Bank of Europe está sob intervenção do Banco Central de Antígua desde 2 de dezembro do ano
passado. O interventor, Peter
Queeley, contou à Folha em dezembro que o banco estava em
"estado de insolvência".
O dono dos US$ 3 milhões diz
ter conseguido mover a ação contra a Alsace-Lorraine porque o
Bank of Europe endossou as duas
promissórias dois dias antes de
sofrer intervenção. Com o endosso do Bank of Europe, a dívida
passou para a Alsace-Lorraine.
Inicialmente, Edemar tentou
oferecer como garantias à Justiça
das Ilhas Virgens Britânicas créditos de difícil recebimento que
uma empresa chamada Finsec
comprara do Banco Santos. A Justiça das Ilhas Virgens recusou a
oferta depois que o autor da ação
contra a Alsace-Lorraine apontou
na sua réplica que 11 das empresas
que supostamente deviam à Finsec tinham falido.
Com a recusa desses créditos, os
advogados do banqueiro passaram a argumentar que a nota promissória endossada tinha um defeito técnico -a assinatura não
seguia os padrões das Ilhas Virgens Britânicas. Ontem, a Justiça
refutou esse argumento.
Oficialmente, o representante
da Alsace-Lorraine é Alvaro Zuchelli Cabral, ex-diretor do Banco
Santos. O autor da ação diz que,
com a liqüidação, poderá provar
que os donos são Edemar e seu
sobrinho, Ricardo Ferreira de
Souza e Silva. A KPMG foi contratada para fazer a liqüidação.
O autor da ação diz que tentou
negociar com Edemar desde novembro. Conta que o banqueiro
respondeu a seus pedidos de
acordo com ameaças. Silva dizia,
segundo ele, que ações judiciais
no exterior seriam inócuas.
Outro lado
Procurado pela Folha, o advogado de Edemar, Sergio Bermudes, não foi encontrado.
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