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ANÁLISE
Análise alvo em 2010 será difícil
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das expectativas do
governo de um crescimento da
economia acima de 5% neste
ano, a recuperação da arrecadação num volume suficiente para cumprir a meta de 3,3% em
2010 não será uma tarefa fácil.
A equipe econômica terá que
cobrir um buraco de cerca de
R$ 71 bilhões. O valor inclui receitas extras obtidas em 2009 e
que não deverão se repetir neste ano e o compromisso de ampliar em R$ 31 bilhões o esforço
fiscal em relação a 2009, sem
usar o artifício contábil de abater gastos com obras do PAC.
Isso tudo num cenário que
combinará alta de gastos devido a investimentos e correção
salarial. Somente as despesas
da União deverão crescer R$
102,6 bilhões, segundo o Orçamento aprovado pelo Congresso. O gasto com funcionalismo
responde por R$ 14 bilhões desse aumento.
Em 2009, diante do impacto
devastador da crise financeira
mundial na economia, o governo saiu à procura de ajuda nas
suas empresas. Era preciso
compensar as próprias perdas e
também as de Estados e municípios, que tiveram um desempenho abaixo do esperado, para
fechar a meta do ano.
Um dos alvos principais foi a
Caixa Econômica Federal. Responsável pela maior parte dos
depósitos judiciais transferidos
para o Tesouro -que totalizaram R$ 8,9 bilhões no ano-, o
banco controlado 100% pelo
governo federal ainda repassou
R$ 2,5 bilhões em dividendos.
Ao todo, os dividendos recolhidos a mais de estatais, em
comparação com 2008, alcançaram R$ 13,3 bilhões. O
BNDES deu ainda ajuda extra
com R$ 4,2 bilhões em subsídios que foram devolvidos ao
Tesouro. Outros R$ 14 bilhões
vieram de investimentos efetivamente desembolsados e que
foram desconsiderados na hora
de calcular a meta fiscal, minimizando a falta de arrecadação.
Em 2010, essas ajudas atípicas não deverão se repetir e a
meta fiscal do setor público como um todo será maior: passará de R$ 78,4 bilhões (2,5% do
PIB em 2009) para R$ 109,7 bilhões (3,3% do PIB). A equipe
econômica aposta todas as fichas na recuperação da economia para ajustar esse valor, o
que deverá ajudar também na
recuperação da arrecadação de
Estados e municípios.
Para isso se confirmar, o
Banco Central não poderá jogar contra o crescimento, elevando os juros para conter
eventuais pressões nos preços.
Mas as apostas no mercado financeiro são que os juros terão
de subir a partir de abril porque
a economia não conseguirá
crescer de forma tão forte sem
a inflação acelerar junto.
O governo conta a seu favor
com o fim dos benefícios fiscais
dados a vários setores no auge
de crise, como o automotivo, o
de eletrodomésticos, o de móveis e o de material de construção. Isso pode ajudar a elevar a
arrecadação, mas somente no
final do primeiro semestre. Isso se não forem renovados.
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